Havia os materiais necessários para realizar a operação, àquela hora, naquele dia, mas faltava a autorização da administração do hospital para utilizá-los. A paciente esperava há anos pela operação.
Elisabete Ramos Mendes está há vários anos à espera de uma operação à coluna.
No dia 17 de outubro ia, finalmente, ser operada, no Hospital de Santo António, mas a cirurgia foi cancelada.
Quando já estava no bloco operatório e com o cateter posto para levar anestesia, os médicos informaram-na que a administração não autorizava a operação.
“Às 07h30 do dia 17, estava no hospital, as enfermeiras prepararam-me e levaram-me para o bloco operatório. Até já tinha colocado o cateter para ser anestesiada quando, de repente, vi os médicos a falarem uns com os outros“, contou ao Jornal de Notícias.
Elisabete reparou que alguma coisa não estava bem, a ver o médicos reunidos a conversar: “Um dos médicos veio à minha beira e disse-me que não seria operada, porque não havia autorização da administração para usar o material necessário à cirurgia. Disse-me que o material estava no hospital, mas que os médicos não podiam usá-lo“.
Como contou ao JN, ainda nesse dia Elisabete saiu do Hospital de Santo António com indicação para regressar na semana seguinte, para ser operada.
No entanto, “no dia anterior à data marcada, ligaram-me a adiar novamente a cirurgia, com a justificação de que ainda não havia autorização da administração. Fiquei com consulta marcada para fevereiro” – denunciou.
A paciente pediu esclarecimentos ao conselho de administração do Hospital, que evidenciou problemas de comunicação. Nem um pedido de desculpas, lamentou Elisabete Mendes.
“Deram-me dois endereços eletrónicos para apresentar queixa, mas, passado quase um mês, ainda não responderam aos emails. A administração também nunca falou comigo, nem pediu desculpa”, disse.
Ao JN, o Hospital Santo António admitiu “a falha de comunicação interna e pediu desculpas à cidadã pelos transtornos”.
O conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Santo António disse ao matutino que a cirurgia de Elisabete “exige a implantação de dispositivos tecnológicos inovadores, de uso absolutamente excecional”, não tendo sido possível “desenvolver os complexos procedimentos administrativos conducentes à sua aquisição atempada, que ainda estão em curso”.
Elisabete, de 54 anos, tem problemas na coluna que só a intervenção cirúrgica resolvem: “Há vários anos que ando para ser operada, mas meteu-se a covid-19 pelo meio e só em maio deste ano é que me marcaram a operação para meter uns parafusos”.