Soii Havzak contém artefactos e provas de habitação que abrangem um período de 130 mil anos. Estará numa “rota chave para a expansão humana” usada pelo Homo sapiens, Neandertais e Denisovanos, que lá coexistiram e interagiram.
Um abrigo rochoso com 150 mil anos, descoberto recentemente por arqueólogos da Universidade Hebraica de Jerusalém ao longo de um afluente do rio Zeravshan, no Tajiquistão, estará numa “rota chave para a expansão humana” usada pelo Homo sapiens, Neandertais e Denisovanos.
O local, conhecido como Soii Havzak, contém artefactos e provas de habitação que abrangem um período de 130 mil anos, o que o torna um dos poucos sítios arqueológicos bem preservados no Corredor de Montanhas da Ásia Central (IAMC).
Acredita-se que o corredor tenha sido uma rota de migração fundamental durante a Idade da Pedra. Ligava diferentes espécies humanas à medida que se deslocavam pela Ásia Central, mas permanece em grande parte inexplorado, apesar do seu potencial significado para a compreensão das antigas migrações e interações humanas.
A área pode mesmo ter sido um ponto de convergência onde populações humanas distintas não só migraram, como também coexistiram e interagiram.
Durante escavações recentes, os arqueólogos desenterraram camadas de ferramentas de pedra, pedras trabalhadas, lâminas e lascas de rocha em Soii Havzak, juntamente com ossos de animais e sinais de utilização do fogo, como pedras queimadas e carvão.
Estes achados datam de há cerca de 150 mil a 20 mil anos, o que mostra que o local foi usado repetidamente ao longo de milénios por diferentes grupos humanos, segundo o estudo publicado a 4 de novembro na revista Antiquity.
O vale de Zeravshan, onde se situa Soii Havzak, tem uma importância histórica de longa data, tendo-se tornado mais tarde uma importante rota comercial na Rota da Seda que ligava civilizações como o Império Romano e a China.
A posição estratégica do vale não só facilitou a propagação dos primeiros Homo sapiens de África para a Ásia, como também ligou diversas redes culturais e comerciais através dos continentes.
“Esperamos que a investigação em curso neste local revele novos conhecimentos sobre a forma como diferentes grupos humanos – como os humanos modernos, os neandertais e os denisovanos – podem ter interagido nesta região”, disse primeiro autor do estudo, Yossi Zaidner, professor sénior do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, em comunicado citado pela Live Science: “a nossa investigação tem como objetivo descobrir quem eram os humanos que habitavam estas partes da Ásia Central e a natureza das suas interações”.