Duas cidades medievais nas montanhas da Ásia Central estão a revelar a sua história através de descobertas arqueológicas recentes. Na Rota da Seda, estas cidades gémeas perdidas podem ter-se sustentado numa “paisagem sinistra”, pela mão da metalurgia e o comércio.
Descobertas em 2011 e exploradas até hoje, as cidades de Tashbulak e Tugunbulak nas montanhas do Uzbequistão oriental contêm provas de inesperadas atividades comerciais e residenciais datadas entre os séculos VIII e XI.
Tashbulak foi inicialmente identificada enquanto se investigavam as práticas nómadas na região. Os investigadores depararam-se, no meio dos montes, e fragmentos de cerâmica num planalto a cerca de 2.134 metros acima do nível do mar.
Surpreendidos pelo achado em local tão inóspito, os arqueólogos rapidamente reconheceram o potencial histórico do sítio, que cobre cerca de 30 acres.
Como contam à Scientific American, a descoberta de Tashbulak levou à identificação de Tugunbulak – a aproximadamente três quilómetros – após um encontro com um inspetor florestal, cuja casa – construída sobre outro monte – tinha uma aparência medieval.
Este segundo sítio, substancialmente maior com cerca de 300 acres, foi detalhado num estudo publicado na semana passada na Nature.
O estudo mapeou o terreno com precisão milimétrica, identificando estruturas enterradas que sugerem uma complexa organização urbana com fortificações, edifícios e vias.
A presença de fornos e evidências de metalurgia indicam atividades industriais, provavelmente sustentadas pela rica presença de minério de ferro e florestas na região.
Essas cidades não eram meramente pontos de passagem; os achados sugerem que eram centros vibrantes de comércio e vida, integrando-se na rede comercial e cultural mais vasta da Rota da Seda.
Como notam os investigadores, as descobertas desafiam a noção de que as rotas principais se concentravam em terras baixas e mais acessíveis, revelando a importância estratégica das localidades montanhosas e menos exploradas.
Tashbulak e Tugunbulak estão agora no centro das atenções para futuras investigações, prometendo novas informações sobre a dinâmica medieval das rotas comerciais e culturais da Ásia Central.