A arma voou durante quase uma hora e meia e violou as restrições da ONU. Coreia do Norte diz que está a desenvolver mísseis que podem “atingir o continente americano”.
O míssil balístico intercontinental (ICBM) lançado esta quinta-feira atingiu uma altura de 7 mil quilómetros, e a BBC afirma que teria percorrido uma distância ainda maior se tivesse sido lançado na horizontal. O objeto voou durante 87 minutos.
O míssil caiu a cerca de 300 km a oeste de Hokkaido, no Japão, confirmou este país, registando o voo mais longo de sempre de um ICBM da Coreia do Norte.
O lançamento viola as leis atualmente impostas pela Organização das Nações Unidas, e surge num período de aumento de tensão entre as duas Coreias, num ano em que Pyongyang acusou Seoul de lançar drones para a cidade com propaganda anti-regime.
Tanto a Coreia do Sul como o Japão confirmaram o lançamento do míssil e condenaram o teste. Também os EUA reprovaram a infração.
Na quarta-feira, a Coreia do Sul tinha já alertado para o facto de Kim Jong-un se estar a preparar para lançar o ICBM perto das eleições presidenciais americanas de 5 de novembro. Será uma ameaça dirigida à América do Norte?
De acordo com a agência noticiosa estatal KCNA, citada pela Reuters, o líder norte-coreano garantiu que este teste serviu como um aviso aos inimigos que têm ameaçado a segurança do país.
Kim Dong-yup, professor assistente na Universidade de Estudos Norte-Coreanos, disse também à BBC que os mísseis de Pyongyang podem “atingir o continente americano mesmo que transportem uma ogiva maior e mais pesada”.
E é verdade: mesmo o último ICBM testado pelo país, em dezembro do ano passado, podia já atingir um alcance de 15 mil quilómetros numa trajetória normal, o que pode colocar em perigo qualquer zona do território norte-americano.
Outra questão tem vindo ainda a ser levantada: estará a Coreia do Norte a preparar-se para ajudar ainda mais a Rússia?
Pyongyang está a destacar mais de 11 mil militares para a Rússia, 3 mil dos quais diretamente para a frente de batalha com a Ucrânia. E tem existido, alegadamente, uma união de forças entre os dois países para a produção de artilharia de guerra.
Shin Seung-ki, responsável pela investigação sobre as forças armadas norte-coreanas no Instituto Coreano de Análises de Defesa, disse à Reuters que o tempo de voo mais longo, que demonstra um impulso mais forte, pode dever-se a uma melhoria do desempenho do propulsor — possivelmente conseguida com a ajuda da Rússia.
Esta situação “só demonstra que [a Coreia do Norte] continua a dar prioridade às suas armas ilegais de destruição maciça e aos seus programas de mísseis balísticos em detrimento do bem-estar do seu povo“, escreveu o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Sean Savett, num comunicado.
Ainda assim, os norte-coreanos não andam só a brincar aos mísseis: Kim Jong-un diz que os testes vêm de uma “vontade de responder aos inimigos” e são uma “ação militar apropriada”.