Pessoas vivem mais “onde se bebe tinto verde”. Ministro da Agricultura causa polémica

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PSD / Flickr

José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas

O ministro da agricultura está a ser criticado pelos nutricionistas depois de vir a público defender a decisão do Governo de não aumentar os impostos sobre o álcool, alegando que a longevidade é maior onde se bebe mais vinho.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, defendeu a decisão do Governo de não aumentar os impostos sobre o tabaco, bebidas alcoólicas e refrigerantes, apesar das preocupações com a saúde pública.

Em declarações à TSF, Fernandes justificou que focar-se em tributar apenas um produto ou ingrediente específico não seria uma abordagem equilibrada para promover a saúde.

“A água em excesso também faz mal. Tem de existir moderação”, defende. O governante considera “um disparate” colocar mensagens ou images chocantes nos rótulos das bebidas alcoólicas semelhantes às dos maços de tabaco. O consumo de vinho de forma moderada não faz mal”, frisa, reforçado que há regiões em Portugal “onde a longevidade é maior onde bebem tinto verde“.

Além disso, Fernandes abordou o tema da rotulagem nutricional, referindo-se especificamente ao sistema “Nutri-Score”, que classifica produtos alimentares através de um esquema de cores e letras.

O ministro considerou esse sistema inadequado e potencialmente prejudicial para produtos tradicionais portugueses, como o azeite, que poderia ser classificado como menos saudável que certas bebidas açucaradas.

A posição do ministro entra em conflito com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomendam rótulos de fácil compreensão nas embalagens para informar os consumidores sobre os valores nutricionais e incentivar escolhas alimentares mais saudáveis.

Os comentários do ministro estão a ser muito criticados pelos nutricionistas.

“Os políticos têm de ter muito cuidado com o que afirmam e sobretudo têm de se basear no que a ciência diz. Estas declarações põem em risco a saúde de muitas pessoas”, defende Cristina Vaz de Almeida, presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde, em declarações ao Público.

“Todas as afirmações têm uma base científica incorreta. A única que pode ter algum fundamento é que, de facto, se uma pessoa consumir água em muitíssimas elevadas quantidades superiores à sua capacidade de a eliminar, e por isso temos de beber muitos litros de água, há um risco para a saúde”, refere Pedro Graça, diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.

Sobre os comentários do ministro em relação ao Nutri-Score, Pedro Graça também discorda do ministro.

“As recomendações de que se devem ter por base os nossos produtos ou os produtos da nossa tradição têm apenas uma base económica. Se os espanhóis e os franceses tiverem a mesma ideia, qualquer dia não podemos exportar para Espanha ou França. Não me parece um argumento com qualquer base de ciência”, remata.

ZAP //

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2 Comments

  1. Todas as bebidas alcoólicas são cancerígenas, do grupo I, o mesmo grupo do tabaco e bacon, por exemplo. Na Irlanda, a partir de 2027, todas as bebidas alcoólicas vão ser obrigadas a ter rótulos semelhantes aos que encontramos no tabaco. Um ministro dizer uma parvoíce deste tamanho… enfim, só se for para escoar os 1800 milhões hectolitros de tintol que sobraram da colheita de 2023!;D

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  2. O ministro está a promover o vinho verde da terra dele (Vila Verde), o que está mal. Tem que promover todo o vinho nacional, independentemente da Região.

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