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A melhor padeira do mundo é portuguesa

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A portuguesa Elisabete Ferreira foi distinguida como Melhor Padeira do Mundo pela União Internacional de Panificação e Pastelaria (UIBC). A brigantina de 46 anos tornou-se a primeira mulher a receber esta distinção.

Depois de mais de 30 anos de muita dedicação na padaria Pão de Gimonde, em Bragança, Elisabete Ferreira foi distinguida como a Melhor Padeira do Mundo

“Tudo começou em 1986, quando os meus pais ficaram com a padaria do meu tio-avô, em Gimonde. Tinha eu 8 anos“, contou Elisabete Ferreira, ao ZAP.

O “bichinho pelo pão” surgiu, então, de um mix de responsabilidade familiar e iniciativa própria: “Vivíamos todos os dias com o negócio à mesa, literalmente“.

“Era mais um filho que à mesa” conta a padeira que soube desde muito cedo para o que estava destinada. Até porque, ao contrário das outras crianças, as férias de Elisabete “não eram na praia, mas sim na padaria” em Gimonde, uma aldeia, a pouco mais de cinco minutos de Bragança.

Farinha d’outro saco

Elisabete lamentou que a profissão seja muitas vezes desvalorizada. No entanto, ninguém é capaz de “amassar” a paixão de um padeiro pelo trabalho que faz, mesmo havendo quem não compreenda…

“Muitos acham que basta pôr uma moeda e sai o pão, como se fosse uma máquina de vending, em que se mete a moeda e sai a coca-cola. Na padaria não pode ser assim“, explicou.

E quem se levanta às 2h, 3h, 4h da manhã para nos pôr pão de qualidade na mesa tem mesmo de ser farinha d’outro saco!

“O pão tem muitos processos e é lento, se quisermos fazer um pão de qualidade. As pessoas acham que temos de ter tudo disponível a qualquer hora do dia. O que eu pretendo mostrar ao consumidor é que o pão é muito mais do que isso“, acrescentou Elisabete.

Essa boa vontade e sentido de missão levaram-na à distinção de Melhor Padeira do Mundo pela União Internacional de Panificação e Pastelaria (UIBC), no congresso mundial que se realizou esta semana em Veneza, Itália.

Primeira mulher distinguida

Elisabete Ferreira foi a primeira mulher a conseguir esta proeza, e, por isso, dedica o prémio a todas aquelas com quem partilha profissão. “Acho que isto dá um rosto a milhares de mulheres que estão sempre na retaguarda a fazer este trabalho, mas que ninguém as vê. Isto é uma forma de as homenagear a todas“.

Além do pão, na Padaria de Gimonde, há o “folar transmontano, os económicos, o pão de figo, nozes e passas, o nosso pão de sarraceno com nozes; e a variedade é, no fundo, tudo aquilo que os nossos clientes nos vão pedindo para fazermos“, descreve Elisabete.

É de ficar com água na boca a pensar nisto tudo… mas clama: a padeira brigantina destaca que, acima de tudo, “este não é um prémio aos produtos; mas sim à pessoa pela forma como se dedicou e valoriza a padaria e a profissão“.

Miguel Esteves, ZAP //

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