A Rádio e Televisão de Portugal (RTP) quer um financiamento de 54 milhões de euros para colmatar as despesas do novo Plano Estratégico proposto pelo Governo.
De acordo com o Diário de Notícias (DN), a RTP pede ao Governo um financiamento 54 milhões de euros para pagar as indemnizações das saídas voluntárias de até 250 trabalhadores em situação de pré-reforma e aplicar o novo Plano Estratégico, que prevê o fim da publicidade na televisão pública.
Contas já feitas pela administração da RTP indicaram que a saída de 250 trabalhadores por mútuo acordo pode custar à empresa até 20 milhões de euros.
O DN escreve que a RTP também está à espera de autorização para pedir um empréstimo de 40 milhões.
Além disso, o Estado está ainda a dever 14,29 milhões à RTP, no âmbito do subfinanciamento do serviço público prestado até 2003.
Além dos 54 milhões que aí seriam acumulados, a administração RTP também sugere a venda de património para equilibrar as contas.
Os conselhos de administração e opinião da RTP vão ser ouvidos esta quarta-feira, no Parlamento.
“É voltar à televisão a preto e branco”
Na noite desta terça-feira, na CNN, Nuno Morais Sarmento fez duras críticas ao plano do Governo para a televisão pública. O antigo ministro do PSD (2002-2005) afirmou que a “RTP sem publicidade é uma televisão a preto e branco”.
Morais Sarmento, que tutelou a RTP no Governo de Durão Barroso (2002-2004) e diz-se “preocupado” com o plano proposto agora pelo Executivo de Luís Montenegro, exortando-o Executivo repensar.
“Esta é uma opção questionável (…) Eu não sei se as coisas mudaram muito; sei que há dez anos, nos estudos que acompanhei ou que até realizei sobre esta matéria, era evidente que os telespectadores consideravam a publicidade um conteúdo essencial, que lhes faria falta se não existisse (…) Tirá-la é voltar à televisão a preto e branco, é tirar a cor à televisão“, disse o antigo ministro.
Mas pior ainda – considerou Morais Sarmento – é o facto de o Governo não atribuir nenhuma compensação financeira à RTP pelo fim das receitas publicitárias.
“Mas se a decisão é questionável, o que me parece que já não é questionável, porque é demasiado grave, na minha opinião, é a total ausência de contrapartidas”, rematou.