Apesar de ter deixado um rasto de destruição na Florida, o furacão Milton não atingiu as proporções que se previa — mas a sua proporção política deve ser grande e decisiva.
O furacão Milton deixou várias zonas da Flórida irreconhecíveis, matando pessoas e animais, destruindo ruas e casas.
Ainda se fazem contas ao que aconteceu nos últimos dias – e os danos, apesar de serem muitos e visíveis, não foram tão grandes como tinha sido previsto.
Mas o mesmo fenómeno natural – além do furacão Helene, duas semanas antes – deve causar outros tipos de danos: políticos. Ou para um lado, ou para o outro.
Só faltam cerca de três semanas para as eleições presidenciais nos EUA – um país onde os desastres ambientais sempre foram politizados. Aqui não está a ser excepção.
Obama emocionado
Na quinta-feira passada, Barack Obama apareceu num evento da campanha eleitoral do Partido Democrata, apoiando novamente a vice-presidente e candidata Kamala Harris.
O discurso foi – para não variar – cativante, forte. Com muitos argumentos contra o outro candidato, Donald Trump. E com outros argumentos a tentar conquistar o eleitorado masculino (o ponto fraco de Kamala).
Mas de repente, nesse discurso em Pittsburgh, Obama baixou a voz. Acalmou o tom político habitual e falou num volume mais suave sobre as vítimas dos furacões Helene e Milton.
Quase a chorar, elogiou a reacção do governo de Joe Biden e dos governadores dos Estados.
Sem esquecer, novamente, o rival. Donald Trump disse que Biden e Kamala estão a desviar fundos de ajuda humanitária para dar esse dinheiro a migrantes ilegais e que o governo federal está a negligenciar áreas dominadas pelos republicanos. “Isto é tudo fictício. Desde quando está certo dizer mentiras?”, reage Barack Obama.
Lá estavam os furacões a entrar já na campanha eleitoral. Dois grandes furacões em duas semanas, e sendo a poucas semanas das eleições presidenciais, agitam ainda mais a já tensa estrutura política.
Os nervos estão à flor da pele, as gafes verbais estão a aumentar, descreve o Handelsblatt.
Além das mais de 200 mortes e dos milhões de dólares em prejuízos, estes dois fenómenos devem mexer com as preferências dos eleitores, tão perto do dia 5 de Novembro.
Ainda não se sabe bem como mas, numa disputa tão equilibrada e feroz, os estados indecisos podem virar para qualquer lado, também por causa dos furacões.
A escolha do próximo presidente está completamente em aberto. Por isso, a autoridade demonstrada na reacção a catástrofes naturais pode ser decisiva.
Há um grande nervosismo entre democratas e republicanos.
Trump mente, Kamala inconveniente
E o talvez nervoso Trump começou a espalhar (mais) mentiras. Além do alegado desvio de fundos, disse ainda que os americanos com menos rendimentos que perderam as suas casas só receberiam 750 dólares. É verdade, mas isso será só na primeira fase; depois há mais.
Do lado do partido de Trump, até há quem sugira que o furacão foi encenado pela administração Biden. Os republicanos até estiveram em debate sobre se poderia haver meios técnicos para criar artificialmente um furacão deste tipo.
O apresentador e humorista Jimmy Kimmel resumiu: “Donald Trump levou-nos ao ponto em que nem sequer conseguimos concordar sobre a meteorologia”.
Kamala Harris não terá mentido mas, já em plena crise, apareceu num “programa da manhã” dos EUA para falar sobre assuntos como estilo de vida e rotinas caseiras.
Nesse aspecto não venceu Trump – que foi logo para Geórgia e Carolina do Norte para se encontrar com sobreviventes da tempestade.
Donald Trump condenado, tentativa de assassinato, desistência de Biden e agora dois furacões. Um ano caótico, uma campanha única e dramática.
Lunáticos ao poder!!! Entreguem o Congresso ao QAnon e o ministério da economia ao Elon Musk! Deixem o Donald jogar golfe todo o dia em paz! Legalizem o Ku Klux Klan e as bazucas!
O Obama em si é um talkshow de ficção
É inacreditável afirmar que o Trump dizer que a ajuda é 750 USD é mentira, com a justificação que depois haverá mais no futuro. 750 USD??? É que pelos vistos nem dá para um bilhete de avião para fora da zona atingida.
A sorte da comunicação social é que a sociedade está cada vez mais estupidificada e já pouca gente tem pensamento critico. Então eleva-se uns e rebaixa-se outros com argumentação estapafúrdia…