Transformou-se um “tema nas últimas horas”, segundo o líder da IL. Mas a reunião com o primeiro-ministro foi “perfeitamente normal”.
O presidente da Iniciativa Liberal revelou, em Leiria, que se reuniu com o primeiro-ministro, no dia 15 de julho, no quadro de encontros “absolutamente correntes e sem que dali houvesse nenhum acordo”.
“Foi uma reunião mais virada para assuntos gerais do país, para questões que dizem respeito à vida dos portugueses. São reuniões normais, absolutamente correntes e sem que dali houvesse nenhum acordo nem nenhum compromisso”, afirmou Rui Rocha, após a Conferência Leiria Mais Liberal.
O líder da IL salientou que “essas reuniões não são secretas, mas também não são públicas”, mas decidiu falar sobre esta em concreto para “benefício do esclarecimento dos portugueses”, uma vez que o caso “se tornou um tema nas últimas horas” com a troca de acusações entre o primeiro-ministro e o presidente do Chega.
Referindo que o encontro aconteceu na residência oficial do primeiro-ministro, Luís Montenegro, o líder da IL sublinhou que “nem sequer foi uma reunião em que se aprofundassem os temas do orçamento”, pois o assunto iria ser debatido no final dessa semana entre as equipas da IL e do Governo.
Rui Rocha também garantiu que “não houve nenhuma evidência” de que houvesse intenção de Montenegro num acordo à direita. “Houve a evidência de uma discussão aberta, franca sobre o futuro do país.”
Sem revelar aos jornalistas quem está a mentir: André Ventura, do Chega, ou o primeiro-ministro, Rui Rocha lamentou o “tempo que está a ser envolvido nestas discussões, que põe em causa a atenção que devia ser dada aos problemas fundamentais”, pois o país ”vive uma situação politicamente, economicamente e socialmente complicada”.
Dirigindo-se ao líder do Chega, o presidente da IL perguntou: “Quais são as propostas de André Ventura para este orçamento? É que nós conhecemos várias posições, toda esta novela, as interpretações, mas e propostas? Até agora vi uma carta que foi escrita, curiosamente já depois de algumas destes factos e narrativas, que tem o único objetivo de aumentar a despesa pública”, disse.
Rui Rocha reafirmou que o orçamento apresentado pelo Governo da Aliança Democrática é mau, pelo que , a IL “não tem condições para votar a favor”, pois “vai provocar mais um ano de atraso na situação económica e social portuguesa”.
“Este não é um bom orçamento para Portugal. Este é um mau orçamento para o país, mas é mau por ser próximo do PS. O que é que o Pedro Nuno Santos vai inventar mais para não o viabilizar?”, uma vez que as linhas vermelhas foram atenuadas.
Se os pontos de divergência de Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, é “o 1% no IRC, o enorme problema de aliviar tão ligeiramente as empresas que são as entidades que trazem riqueza para o país e a capacidade de cativarmos investimento estrangeiro, parece-me muito fraco”.
Rui Rocha deixou o anúncio do sentido de voto da IL no Orçamento do Estado para depois de auscultar os órgãos de partido, frisando, contudo, que não tem medo de eleições.
“Entre um mau orçamento que prolonga por mais um ano uma situação de economia que cresce muito pouco, aliás, bem abaixo das promessas eleitorais da AD ou uma clarificação em eleições, não entendo que seja um problema irmos a eleições neste momento”, reforçou, ao apontar que o Governo se aproximou tanto do PS, que existe “um governo de marca socialista”.
“Provas”
Estas declarações sobre a reunião com o primeiro-ministro surgem depois da troca de palavras entre André Ventura e Luís Montenegro.
O líder do Chega disse que o primeiro-ministro lhe propôs em privado um acordo com vista à aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano, que admitia que pudesse integrar o Governo.
Ventura acusou Montenegro de mentir, logo a seguir Montenegro acusou Ventura de mentir.
Entretanto, em entrevista ao canal Now, André Ventura repetiu que Luís Montenegro está a mentir: estiveram juntos “cinco vezes para falar sobre acordos, entendimentos, e o primeiro-ministro aceitou que o Chega fosse para o Governo”.
Ventura garantiu que tem provas dos encontros e do que foi proposto: “Eu tenho forma de provar. Mas acho que era desnecessário, estou a dar ao primeiro-ministro a oportunidade de confirmar. Eu tenho provas. Espero que não chegue a esse ponto”.
No dia 15 de Julho,pelas 10h da manhã, tive um encontro não divulgado à imprensa com o Primeiro-Ministro na sua residência oficial , a pedido do próprio. Foi aqui que pela primeira vez um acordo específico esteve em cima da mesa. No entanto, ficou claro, da nossa parte, que não…
— André Ventura (@AndreCVentura) October 11, 2024
ZAP // Lusa