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Kakebo. O antigo método japonês para controlar os gastos e poupar dinheiro

O método japonês nasceu no início do século XX e consiste em registar manualmente as despesas e dividi-las em diferentes categorias. Basta papel, uma caneta e perseverança.

“O que é mais importante: ganhar mais dinheiro ou controlar o seu dinheiro?”, pergunta a japonesa Zun à BBC. “Eu acho que é mais importante controlar o dinheiro que temos disponível, e gastá-lo com cuidado e sabedoria. E acho que isso te leva a uma vida divertida.”

Zun, mãe de quatro filhos, é adepta há 12 anos do kakebo — um método simples para controlar dinheiro, criado no Japão em 1904.

Neste método, basta papel, caneta e perseverança. A tarefa pode ser trabalhosa, especialmente no começo — mas esse também é um dos motivos do seu sucesso, dizem os especialistas.

Primeiro, deve registar as suas despesas diárias, semanais ou mensais em diferentes categorias.

Por exemplo: rendimentos (salário, subsídios, pensões); despesas essenciais (habitação, transporte, alimentação, serviços domésticos e medicamentos); lazer (restaurantes, compras, ginásio, etc) e extras (presentes, concertos, viagens etc.).

Outra opção seria: necessidades essenciais, necessidades não essenciais, cultural e gastos imprevistos.

Pode estabelecer quantas categorias precisar e também usar cores diferentes, para torná-las visualmente mais atraentes.

Comece por calcular o dinheiro disponível. Ao subtrair as necessidades (ou gastos essenciais), o que sobra pode ser separado entre “poupar” e “gastar bem”.

O método foca em gastar e poupar de forma consciente. Ajuda a mudar a nossa atitude em relação ao orçamento ao ensinar-nos a “gastar bem” para poupar.

O ato de escrever com papel e caneta também é parte fundamental da prática. Pesquisas sugerem que escrever à mão ajuda o cérebro a processar informações de uma forma mais detalhada e cuidadosa.

Alguns também defendem que o uso de dinheiro vivo é melhor do que cartão, pois o ato físico de entregar notas dá mais controlo.

“Eu acho que mais informações passam pela minha cabeça quando estou a fazer anotações à mão. Ajuda a refletir sobre o que comprou e se está a gastar muito dinheiro. Além disso, pode voltar para o seu histórico de gastos [nas anotações]”, diz Zun.

“Quando aquilo que eu queria muito era caro, eu normalmente desistia de comprá-lo e escolhia coisas mais baratas e similares. Mas, ao olhar para os gastos totais, eu percebi que eu poderia ter comprado o que eu realmente queria. Isso estimula-me a gastar o meu dinheiro de uma maneira mais pensada.”

Ao avaliar quanto, como e com o que gastamos o dinheiro, podemos fazer um balanço respondendo a quatro perguntas-chave:

  1. Quanto dinheiro guardou?
  2. Quanto dinheiro gostaria de guardar?
  3. Quanto dinheiro está realmente a gastar?
  4. O que mudaria no próximo mês para melhorar?

A consultora financeira Harumi Maruyama recomenda que se teste o método durante pelo menos três meses — a partir de quando geralmente se começa a notar resultados, diz.

“O kakebo ajuda a administrar os seus gastos mesmo com um orçamento limitado e a parar de gastar de forma desenfreada. Eu acho que o kakebo é a base do orçamento doméstico”, diz Maruyama.

“Mesmo se o orçamento é curto, já vi muitas pessoas conseguirem controlar os gastos e guardar dinheiro.”

A consultora sugere que o kakebo se torne um ritual diário, de pelo menos cinco minutos, praticado mais ou menos no mesmo horário do dia. “Ou pode escrever uma vez por semana, ou quando gasta algo”, diz.

Origem do termo

O kakebo é uma palavra japonesa para “livro de contas domésticas“, e as suas origens remontam a 1904, de acordo com Fumiko Chiba, autora do livro Kakebo: A arte japonesa de poupar dinheiro.

Chiba conta no seu livro que a criadora desse método foi Hani Motoko, considerada a primeira mulher jornalista no Japão. A intenção dela era encontrar uma maneira de ajudar as donas de casa a administrarem a economia familiar de maneira eficiente.

“Embora o Japão seja uma cultura tradicional em muitos aspetos, o kakebo foi uma ferramenta libertadora para as mulheres, porque lhes dava controlo sobre as decisões financeiras”, escreve Chiba em seu livro.

Hoje, apesar do facto de já existirem várias aplicações de telemóvel para controlar receitas e despesas, estes livros de contas ainda são comercializados no Japão.

Geralmente são vendidos no início de cada ano e, de acordo com Chiba, são bastante populares.

ZAP // BBC

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