O que une a falsa professora a Egas Moniz

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Alguém que dá informações falsas deve ser punido. Mas o diploma será mais importante do que a competência? E recuemos umas décadas.

O caso espalhou-se pela comunicação social nos últimos dias: uma mulher que foi professora de Matemática durante 30 anos – mas nunca frequentou os cursos necessários para tal.

Paula Pinto Pereira até foi uma das autoras de diversos manuais escolares nesta disciplina; todos certificados pela Sociedade Portuguesa de Matemática.

Mas Paula nunca estudou para ser professora. Foi apresentando vários certificados de habilitações falsos.

Sendo docente sempre na mesma escola ao longo de muitos anos, ficou menos exposta a análise e verificação de documentos.

Após denúncias anónimas, o caso seguiu para a Justiça e o Ministério da Educação exige 350 mil euros pela fraude.

Competência vs. diploma

No entanto, os pais dos seus alunos elogiam o desempenho da professora e lamentam o seu afastamento das salas de aula – foi demitida em 2023.

Como salientou um leitor do ZAP, apesar das informações falsas, o que vale mais? A competência ou os “canudos”?

É uma questão antiga, que agora se repete por causa desta situação mais mediática.

José Manuel Fernandes acha que o Ministério da Educação, em vez de se estar a “escavar” onde a senhora (não) estudou, devia-se perguntar: “Está a dar bem as aulas? Os alunos estão a progredir? Os bons alunos ficam ainda melhores e os maus alunos recuperam – como contam os pais?”.

Se isso tudo for verdade, porque se “deita fora” uma professora assim? Pergunta o comentador.

José Manuel Fernandes também acha que um “canudo” não é o essencial para se ser professor. Se há regras, e se a suspeita violou as regras, deve ser punida por isso. Mas deveria haver a possibilidade de ceder espaço a pessoas como Paula Pinto Pereira.

O comentador lembra que há pessoas que têm uma nota final excelente na licenciatura, mas depois são incompetentes na profissão; ou são alunos medianos e depois “génios”, mais tarde.

Recorda até o caso de António Egas Moniz. Um dos dois únicos Prémios Nobel nascido em Portugal continental, este cientista tornou-se um génio já adulto – mas, na faculdade, passou com uma média próxima do 10, segundo José Manuel.

“Com o Ministério da Educação actual, nunca iria progredir na carreira. Se calhar nunca conseguiria ser professor numa escola”, apontou, na rádio Observador.

ZAP //

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1 Comment

  1. «…O primeiro inimigo do pensamento é uma instituição pública poderosíssima, que é a universidade.
    Encontrei um antigo Ministro da Educação e aliás um, parece que um grande vulto aqui da televisão Portuguesa, que me disse assim: Você andou aí a propor a extinção da universidade, é a coisa mais fácil que existe no Mundo, é só fechar a porta, lá dentro não há nada.
    Isto quem me dizia, como calculam, era o Sr.º José Hermano Saraiva…» – Orlando Vitorino

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