As ondas cerebrais podem ser manipuladas enquanto sonhamos (e isso são boas notícias)

Os cientistas do Reino Unido manipularam dois tipos proeminentes de ondas cerebrais enquanto os voluntários dormiam, num esforço para desenvolver melhores ferramentas para estudar atividades neurológicas críticas.

Segundo o Science Alert, as ondas, designadas por oscilações alfa e teta, estão fortemente associadas a estados de repouso e relaxamento, incluindo a fase de inconsciência do Movimento Rápidos dos Olhos (REM).

O seu nome deve-se ao movimento de sacudidela dos olhos durante esta fase do sono, que coincide com o aparecimento dos sonhos mais vividos.

Considera-se também que esta fase desempenha um papel importante na consolidação da memória e no aperfeiçoamento da cognição, o que torna qualquer atividade de ondas cerebrais um alvo atraente para os cientistas.

“As oscilações cerebrais contribuem para o funcionamento do cérebro e para a forma como este aprende e retém a informação”, afirma Valeria Jaramillo, neurocientista da Universidade de Surrey.

“As oscilações cerebrais durante o sono REM têm sido implicadas nas funções de memória. No entanto, o seu papel exato permanece pouco claro”.

Um processo designado por estimulação auditiva em circuito fechado (CLAS) tem sido utilizado com sucesso para melhorar ou perturbar as ondas cerebrais no sono não REM, visando precisamente o fluxo e refluxo das ondas cerebrais através dos sons emitidos por auscultadores.

O processo raramente tinha sido aplicado a pessoas que dormem fora deste estado, pelo que os investigadores da Universidade de Surrey testaram o método em voluntários para determinar se também se poderia aplicar às ondas produzidas durante o sono REM.

Em testes que envolveram 18 participantes, os investigadores alteraram tanto a velocidade como a força das ondas cerebrais, medidas através de elétrodos no crânio.

De acordo com os cientistas, as oscilações alfa (cerca de 8 a 12 Hertz) e a teta (cerca de 4 a 8 Hertz) fluem normalmente através da região frontal do cérebro quando estamos num estado de relaxamento, como quando estamos a dormir ou a decidir se devemos sair da cama para começar o dia.

Estas ondas cerebrais são bastante semelhantes quer estejamos acordados ou em sono REM. As ondas cerebrais, impulsos de atividade elétrica desencadeadas pelos neurónios, contribuem para o bom funcionamento do cérebro.

Se conseguirmos controlá-los até certo ponto, isto pode ser potencialmente útil para garantir que o cérebro está a funcionar como deve — e para abrandar a taxa de degeneração associada à demência.

“A utilização de estímulos sonoros para alterar as oscilações cerebrais enquanto uma pessoa dorme é uma promessa terapêutica“, afirma Ines Violante, neurocientista da Universidade de Surrey.

Atualmente, não existe cura para a demência, apenas medicação que pode abrandar a progressão da doença ou ajudar temporariamente uma pessoa com os seus sintomas, por isso é importante que pensemos de forma inovadora para desenvolver novas opções de tratamento”.

Os cientistas já demonstraram que os sintomas da demência — problemas de memória e capacidades cognitivas — coincidem frequentemente com o abrandamento das oscilações das ondas cerebrais, algo que poderemos agora influenciar.

Isto poderá abrir caminho a uma nova abordagem no tratamento de doentes com demência, uma vez que a técnica não é invasiva e é realizada enquanto dormem, diminuindo a perturbação das suas vidas e permitindo-nos ser mais direcionados na nossa abordagem”, afirma Derk-Jan Dijk, professor de sono e fisiologia na Universidade de Surrey.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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