Dois mais dois são quatro. Tomar decisões é uma questão de matemática

Uma equipa de investigadores desenvolveu um novo modelo matemático que representava um grupo de agente obrigados a decidir entre duas conclusões — uma correta e outra incorreta.

O modelo pressupunha que cada pessoa tomasse decisões com base na sua tendência inicial e na informação que lhe era apresentada, em vez de ser influenciada pelas indivíduos ao seu redor.

Segundo o Phys.org, a tendência para uma determinada decisão fez com que os primeiros decisores do modelo chegassem à conclusão errada 50% das vezes.

Quanta mais informação estes reuniam, maior era a probabilidade de se comportarem como se não fossem tendenciosos e de chegarem a uma conclusão acertada.

Num novo estudo, publicado esta segunda-feira no Physical Review E, os cientistas criaram ferramentas matemáticas conhecidas como modelos para simular o processo de deliberação de grupos de pessoas com vários preconceitos.

Quando os decisores atingiam rapidamente uma conclusão, a decisão era mais influenciada pelo seu preconceito inicial, ou seja, uma tendência para se inclinar a uma das escolhas apresentadas.

“Vimos que, para o primeiro decisor de um grupo, a trajetória da sua crença é quase uma linha reta. O último a decidir fica a pairar, a andar de um lado para o outro antes de tomar uma decisão”, diz o coautor do estudo, Bhargav Karamched.

“Embora a equação subjacente à crença de cada agente seja a mesma, exceto no que diz respeito à sua tendência inicial, as estatísticas e o comportamento de cada indivíduo são muito diferentes”, acrescenta.

Estas descobertas podem ser utilizadas para compreender quando as pessoas estão a ser indevidamente influenciadas por decisões precoces ou a ser vítimas do pensamento do grupo.

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Diagrama que mostra quando os decisores chegam rapidamente a uma conclusão, a decisão é mais influenciada pelo seu preconceito inicial. A linha cor-de-rosa clara representa o resultado de uma decisão tomada rapidamente, que é mais influenciada pela tendência inicial e a linha laranja representa o resultado de uma decisão tomada após mais tempo de recolha de informação.

“Ainda há muito trabalho a fazer para compreender a tomada de decisões em situações mais complicadas, como nos casos em que são apresentadas mais de duas alternativas como escolhas, mas este é um bom ponto de partida”, conclui Karamched, em comunicado.

Os autores do estudo salientam que são ainda necessários mais estudos, de modo a entender se este modelo pode ajudar a descrever outros cenários, como as decisões em grupo onde há votação democrática ou quando as pessoas dão o seu contributo em inquéritos.

Soraia Ferreira, ZAP //

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