“Domingo cai a ditadura na Venezuela e eu vou poder voltar ao meu país”

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Miguel Gutierrez / EPA

Luso-venezuelana em Caracas durante protestos contra o governo de Nicolás Maduro

A Venezuela vai a votos, este domingo, e todas as sondagens apontam para a mudança. A saída de Nicolás Maduro do poder deverá significar o regresso de milhões de venezuelanos emigrados. Os que estão na Madeira não são exceção.

A comunidade de imigrantes venezuelanos na Madeira anseia por uma mudança política no país após as eleições de domingo.

Muitos admitem mesmo regressar à terra que os viu nascer se Nicolás Maduro for derrotado.

Em declarações à Antena 1, uma venezuelana na Ribeira Brava diz ansiar pela queda do atual presidente: “domingo cai a ditadura na Venezuela e eu vou poder voltar ao meu país“.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da Associação da Comunidade de Imigrantes Venezuelanos na Madeira – VENECOM acredita que, depois destas eleições a Venezuela voltará a ser um país democrático.

“O que eu pretendo é que o nosso país, a Venezuela, possa ser realmente um país livre, um país democrático, onde as pessoas possam exercer o seu direito de expressar, o seu direito de fazer oposição livre, o seu direito de sair e trabalhar em segurança, que os filhos possam ter uma educação de qualidade e é isso o que eu espero que nós consigamos fazer a breve termo”, desabafa Ana Cristina Monteiro, também deputada do CDS-PP no parlamento madeirense.

Ana Cristina Monteiro salientou que muitos venezuelanos e luso-descendentes atualmente na região, assim como também madeirenses ex-emigrantes na Venezuela que se viram forçados a regressar à ilha, “esperam uma mudança política para regressar ao país”.

“Muitas pessoas deixaram as suas propriedades, o trabalho da vida toda”, acrescentou.

É o caso do venezuelano Orlando Pereira de Agrela, filho de madeirenses, opositor do regime de Maduro, que está a viver na Madeira há cinco anos, mas sonha um dia regressar à Venezuela.

À Lusa contou que saiu do país por motivos económicos e políticos, deixando o filho e outros familiares, assim como as suas empresas e propriedades, sublinhando que a vitória da oposição seria “muito importante”.

“Vamos ver a Venezuela evoluir como era nos anos 70 e 80, é muito importante para nós, a minha vida mudaria”, frisou.

Orlando Agrela não está elegível para votar, mas perspetiva uma “participação massiva” nas eleições de domingo, nas quais dez candidatos competem pela Presidência, sendo favoritos o atual Presidente Nicolás Maduro Moros, que espera ser reeleito para um terceiro mandato de seis anos, e o embaixador Edmundo González Urrutia, o substituto da vencedora, em outubro de 2023, das primárias da oposição, Maria Corina Machado.

Mas tal como Orlando Agrela há mais venezuelanos não elegíveis para votar. Porquê?

Esta anomalia preocupa Ana Cristina Monteiro. Se, por um lado, “as pessoas estão motivadas para votar”; por outro, muitas “sentem-se tristes e desapontadas” porque não constam dos cadernos eleitorais e não conseguem atualizar os dados.

“Isso não aconteceu só cá na Madeira, aconteceu no continente, em Espanha, nos Estados Unidos, foi uma situação geral. E isso deixou de fora uma quantidade, eu poderia dizer milhões de venezuelanos, que no dia de domingo não vão conseguir expressar a sua opinião através do voto”, lamentou Ana Cristina Monteiro.

No seu caso, venezuelana filha de pais madeirenses a residir na região autónoma desde 2008, está apta a exercer o seu direito de voto, no domingo, no Consulado da Venezuela do Funchal.

De acordo com a Associação da Comunidade de Imigrantes Venezuelanos na Madeira, residem atualmente na região cerca de 12.000 venezuelanos (incluindo menores de 18 anos), a maioria dos quais luso-descendentes, e estão aptos para votar no domingo cerca de 1.400.

Preocupados com o “pós” eleições

Também Johana Figueira, a viver na Madeira há cinco anos, não vai votar, mas está confiante na mudança política, salientando o que “o povo está cansado” e anseia pelo fim da ditadura.

“O que me preocupa honestamente é logo depois dos resultados, das votações, o que vai acontecer. Se eles vão aceitar a derrota”, disse, referindo-se a Nicolás Maduro e às “ameaças” que tem feito, através de um “discurso de medo”.

Já Lídia Albornoz, madeirense e ex-emigrante na Venezuela, onde viveu 20 anos, antes de regressar à região em 1997, acha que é “muito difícil” que essa mudança se concretize.

“Nós queríamos muito que corresse tudo bem e começássemos a ver uma verdadeira democracia na Venezuela, mas nós sabemos que isso vai ser muito difícil, que Nicolás Maduro e esse regime ditatorial deixe o poder”, considerou.

Apesar de não fazer parte dos que querem voltar a viver no país, anseia, pelo menos, regressar à Venezuela que conheceu e mostrá-la aos seus netos e outros familiares.

“Sabe o que é que eu gostava muito? Que os meus filhos e as minhas netas, agora que já sou avó, conseguissem ver o país que eu conheci”, disse, emocionada.

Lídia Albornoz, que faz parte de associações de cariz social da região, realçou ainda que “há pessoas a chegar com problemas de saúde gravíssimos, cancros, crianças com autismo e outras doenças, e vêm à procura de um socorro, que no país deles não têm”.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. Esqueçam, vai ser um banho de sangue!.
    Os comunistas são vingativos e não perdoam a perda territorial/ideologica. Olhem para a Rússia!

  2. Não sei como é que a comunicação social portuguesa da relevância a eleições na Venezuela … Ali até os mortos têm direito a votar ️ não vai sair dali nada de novo portanto para quê tanta espectativa? O povo Venezuelano destruiu o seu país a conta do voto agora têm um regime que facilmente manipula os votos ….

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