Uma equipa realizou, recentemente, um procedimento cirúrgico sem precedentes numa criança de dois anos diagnosticada com síndrome da cimitarra.
A síndrome de cimitarra é caracterizada pela combinação de anomalias cardiopulmunares, incluindo anomalia parcial da drenagem pulmonar venosa do pulmão direito para a veia cava inferior, que leva à criação de um desvio da esquerda para direita.
A doença é diagnosticada principalmente em bebés e tem uma prevalência estimada de um a três por cada 100 mil nascimentos. O tratamento tardio pode causar hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca direita, insuficiência respiratória, arritmia cardíaca e distúrbios de crescimento.
Normalmente, a cirurgia envolve o reimplante das veias pulmonares direitas para a aurícula esquerda ou a criação de um túnel intra-auticular para redirecionar a veia cimitarra para a aurícula esquerda.
Acontece que ambos os métodos apresentam um problema: a obstrução pós-operatória da veia pulmonar, que pode levar à congestão venosa pulmonar grave e subsequente hemoptise. Isso faz com que a taxa de sucesso seja muito baixa.
Recentemente, uma equipa realizou um novo processo cirúrgico, numa criança de apenas dois anos, que se traduziu na primeira aplicação bem-sucedida do mundo da “Técnica de dois andares“, usada para reparar outro tipo de anomalia venosa pulmonar parcial.
Segundo o EurekAlert, neste novo procedimento, os especialistas não usam material artificial para reconstruir as duas vias de fluxo sanguíneo – a veia pulmonar direita e veia cava inferior. Para tal, usam apenas a parede auricular do paciente.
Após a cirurgia, conduzida por uma equipa do Hospital Universitário Kindai, no Japão, não foram relatados quaisquer problemas com as vias de fluxo sanguíneo reconstruídas nas veias pulmonares direitas e na veia cava inferior. O paciente recebeu alta 10 dias depois, sem nenhuma complicação pós-operatória.
A maior vantagem desta nova técnica é que a nova via de fluxo sanguíneo da veia cava inferior é criada externamente, na via venosa pulmonar. Como tem o potencial de criar vias largas, de forma separada, reduz o risco de obstrução.
Espera-se que os resultados tornem esta técnica mais comum no tratamento da síndrome da cimitarra.
Em português “átrio” é “aurícula” e atrial é “auricular”.
Não custava muito ser mais rigoroso.
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo, está corrigido.