A nave Starliner, da Boeing, que no início do mês levou pela primeira vez astronautas à Estação Espacial Internacional, não vai conseguir regressar do espaço antes de 2 de julho — mais de duas semanas após a data de regresso inicialmente prevista.
A CST-100 Starliner da Boeing, a tão esperada nave espacial concebida para ir eao Espaço e voltar — da mesma forma que o mítico Space Shuttle fazia — está presa na Estação Espacial Internacional (ISS).
Com lançamento inicialmente previsto para 6 de maio, uma série de atrasos adiaram durante um mês o lançamento da nave da Boeing.
Finalmente, a 7 de junho, a primeira missão tripulada da Starline largou finalmente da Florida, voou para além da atmosfera terrestre, e atracou com sucesso na ISS, entregando à estação espacial os astronautas da NASA Butch Wilmore e Suni Williams.
Mas agora, também o seu regresso à Terra está… complicado, e já foi adiado várias vezes.
Na sexta-feira, responsáveis da NASA afirmaram que a Starliner não regressaria do espaço antes de 2 de julho, ou seja, mais de duas semanas após a data de regresso inicialmente prevista.
O motivo de preocupação é uma série de fugas de hélio que foram observadas no sistema que controla o sistema de propulsão da Starliner.
O hélio é utilizado para controlar a quantidade de propulsor que chega aos propulsores da nave – de forma semelhante à direção assistida de um automóvel. O mesmo problema tinha sido observado antes do lançamento, mas as fugas não foram consideradas suficientemente problemáticas para interromper a missão.
Ainda assim, os responsáveis da NASA afirmaram que o estudo da questão é uma prioridade. “Estamos a levar o nosso tempo e a seguir o processo padrão da equipa de gestão da missão”, explicou Steve Stich, gestor do Programa de Tripulação Comercial da NASA, na sexta-feira.
“Estamos a deixar que sejam os dados a determinar as decisões que tomamos em relação à gestão das pequenas fugas do sistema de hélio e do desempenho do propulsor que observamos durante o encontro e a atracação”, detalhou Stich.
Este não é o tipo de problema que possa ser reparado a partir do espaço, explica o Quartz. Segundo Michael Lembeck, professor de engenharia aeroespacial na Universidade do Illinois, as fugas de hélio podem ter diferentes origens.
Talvez as peças que controlam o volume de fuga do hélio tenham sido montadas de forma incorreta. Talvez forças que não foram totalmente contabilizadas tenham afetado os tanques de hélio.
Qualquer que seja a origem do problema, a NASA e da Boeing têm que o descobrir agora. A cabine de voo da Starliner, módulo que transporta os astronautas de volta à Terra, está bastante protegida contra o calor extremo que enfrenta na reentrada na atmosfera.
Mas o módulo que leva os motores, o combustível e os tanques de hélio, não têm essas proteções. “O módulo de serviço em si não se leva para casa“, explica Lembeck. “É queimado na atmosfera quando a cápsula regressa.”
A NASA e a Boeing têm optado pela prudência em relação à segurança dos dois experientes tripulantes da Starliner, Butch Wilmore e Sunita Williams.
A preocupação e atenções são especialmente redobradas em relação a Williams, que, a 1 de fevereiro de 2003, perdeu a sua amiga e colega Kalpana Chawla no trágico acidente da missão STS-107, quando o Columbia se desintegrou sobre o Texas ao reentrar na atmosfera, vitimando os 7 astronautas a bordo.
Mas os funcionários da NASA sublinharam que há hélio mais do que suficiente para trazer o Starliner para casa. Numa conferência de imprensa a 18 de junho, a NASA reiterou que a nave precisa de 7 horas de hélio para regressar a casa e que tem 70 horas a bordo.
Mas se as fugas se revelarem tão graves que o hélio não seja suficiente, a tripulação da Starliner poderá ter que permanecer na ISS até poder apanhar outra boleia para casa — talvez a bordo de uma Dragon da Space X.