Um cientista acredita ter identificado o local do acampamento militar que terá sido utilizado pelo rei Senaquerib durante os seus cercos a Jerusálem e Laquis, mas há arqueólogos céticos acerca da descoberta.
Um académico identificou os acampamentos militares utilizados pelo rei assírio Senaquerib, conhecido pelos seus cercos de Laquis e Jerusalém por volta de 701 a.C.
Estes acontecimentos são relatados na Bíblia hebraica, que conta ainda a história de um “anjo do Senhor” que terá matado 185 mil soldados no campo numa só noite.
O arqueólogo Stephen Compton fez estas descobertas comparando relevos do Museu Britânico com fotografias de Laquis de meados do século XX.
O especialisra encontrou um local a norte de Laquis com uma estrutura oval, típica dos acampamentos assírios, denominada “Khirbet al Mudawwara“. O nome sugere o reconhecimento histórico do local como um acampamento militar, reforçado por fragmentos de cerâmica da época de Senaquerib.
O cerco de Lachish está representado no relevo do Museu Britânico, que mostra o acampamento assírio. A identificação de Compton está de acordo com esta representação, sugerindo a necessidade de uma investigação arqueológica adicional para confirmar a utilização histórica do local, escreve o Live Science.
Para Jerusalém, Compton utilizou fotografias aéreas e registos de escavações do século XIX. O Fundo de Exploração da Palestina (PEF) encontrou muros ovais em Jebel el Mudawwara, a norte do Monte do Templo.
Apesar da identificação inicial de um acampamento romano, a forma oval adapta-se melhor aos acampamentos assírios, apoiando a hipótese de Compton.
Compton também associou o local a Nob, uma localização bíblica onde o Tabernáculo foi instalado e onde Senaquerib parou antes de atacar Jerusalém. No entanto, a história do local no século XX complica novas escavações devido à sua utilização como armazém de munições.
As descobertas de Compton estão a receber reações mistas dos académicos. Israel Finkelstein, da Universidade de Tel Aviv, considerou a identificação de Laquis plausível e recomenda a realização de escavações no sítio.
Já Eckart Frahm, da Universidade de Yale, reconheceu a possibilidade de Khirbet al Mudawwara ser um campo assírio, mas duvidou da teoria do campo de Jerusalém, já que as inscrições assírias apontam para a existência de estruturas fortificadas e não de um único acampamento à volta de Jerusalém.
Frahm também contestou a interpretação de “mudawwara”, sugerindo que significa simplesmente “lugar redondo“, em vez de se referir especificamente a um acampamento militar.
Em resumo, embora alguns especialistas apoiem a ideia de que Khirbet al Mudawwara possa ser um campo de cerco assírio, a identificação de Jebel el Mudawwara como o campo de cerco de Jerusalém continua a ser controversa.