Os setores industriais dos alimentos processados, combustíveis fósseis, álcool e tabaco causam todos os anos 19 milhões de mortes no Mundo.
Um relatório divulgado esta terça-feira à noite pela Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que as indústrias dos alimentos processados, combustíveis fósseis, álcool e tabaco são as mais mortíferas do Mundo.
A OMS acusou as quatro indústrias supramencionadas não só de criar produtos que causam danos à saúde, mas também de interferir nas medidas de controlo do seu consumo.
Resultado: 19 milhões de mortes por ano.
O documento apontou estas indústrias como responsáveis por dificultar a prevenção de doenças não transmissíveis, como problemas cardiovasculares, cancro ou diabetes, principais causas de morte prematura e incapacidade na Europa.
“Quatro indústrias matam sete mil pessoas na região [Europa] todos os dias” e “bloqueiam regulamentações de proteção dos cidadãos de produtos nocivos”, acusou o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, ao apresentar o relatório.
A Europa é região com os níveis mais elevados de consumo de álcool na população e de tabagismo entre os adolescentes, enquanto o excesso de peso e a obesidade afetam 60% dos adultos e quase uma em cada três crianças.
As doenças não transmissíveis causam 90% das mortes no Velho Continente. Três em cada quatro mortes por este tipo de doenças são atribuídas a problemas cardiovasculares, cancro, diabetes ou doenças respiratórias crónicas.
Empresas dificultam o controlo
Entre as práticas denunciadas pela OMS estão a pressão para bloquear rótulos que relatem os efeitos para a saúde de produtos como o tabaco ou determinados alimentos, a divulgação de desinformação nos meios de comunicação e a publicidade dirigida a crianças e adolescentes.
Esta vasta gama de táticas procura maximizar os benefícios para as empresas, mas tem como efeito colateral o agravamento da saúde pública, criando também barreiras às políticas de prevenção, insistiu a OMS.
A concentração de empresas em muitos destes setores, formando grandes consórcios multinacionais, ajudou-as a ter um significativo poder de pressão política e jurídica, obstruindo regulamentações que podiam afetar as margens de lucro, referiu o documento.
“A OMS Europa vai trabalhar com os decisores políticos para reforçar táticas que os protejam contra a influência prejudicial das indústrias”, disse Kluge.
O documento pretende ser um alerta aos governos europeus para que estabeleçam mecanismos que “identifiquem conflitos de interesses e protejam as políticas públicas da interferência destas indústrias”.
ZAP // Lusa