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“Quis ir ver os meus pais. Entretanto morreram”: o drama AIMA de quem é imigrante em Portugal

ZAP

Imigrantes à porta da AIMA, no Porto

Há cansaço e frustração entre os trabalhadores da agência. É uma “herança pesadíssima”, admite o Governo.

O Governo tem noção do contexto complicado que atinge os trabalhadores da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

“Queria deixar uma palavra forte de solidariedade e compreensão para os trabalhadores da AIMA e o próprio Conselho Diretivo, que foram sujeitos a um fardo administrativo muito duro, a um peso de erros e já agora a 350.000 pendências logo para começar, mas a crescer por causa das regras existentes. Precisamos de uma nova motivação e um novo incentivo”, admitiu António Leitão Amaro.

Nesta sexta-feira surgiu a indicação de que os problemas para os imigrantes vão aumentar, no que diz respeito aos seus processos de regularização, já que 100 trabalhadores da agência devem sair em breve. É praticamente 15% do total dos funcionários da AIMA (714).

O ministro da Presidência disse no Diário de Notícias que o Governo não confirma esses números, mas tem noção de que há “insatisfação e preocupação”.

E a responsabilidade do que está a acontecer “não pode ser imputada aos trabalhadores da AIMA”, assegurou Leitão Amaro, que fala numa “herança pesadíssima”.

Houve uma grande vontade, durante um par de semanas, quando as pessoas não tinham percebido bem a dimensão do problema que aqui existia, de procurar pessoalizar isto. Francamente, falando sobre o presente e sobre o passado, todas as pessoas, incluindo o Conselho Diretivo da AIMA, receberam uma herança pesadíssima”.

Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da AIMA reforça que “cansaço e frustração” dominam os trabalhadores da agência. “Cansaço porque trabalham imenso, frustração porque querem fazer mais e não conseguem”, explicou Artur Jorge Girão na RTP.

Recorde-se que a AIMA é a sucessora do SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Terá quase 500 mil processos de imigrantes para tratar; e o número está sempre a aumentar – enquanto o número de trabalhadores diminui.

“Os meus pais morreram”

Cerca de duas semanas depois do caos que se verificou à porta da AIMA, agora não há filas, mas há imigrantes frustrados – só há atendimento por marcação e muitos não conseguem marcar nada.

Luman Rawal, do Paquistão, está a tentar ser atendido desde Dezembro. Nesta sexta-feira voltou a ouvir o recado, à porta da AIMA: “Segunda-feira, ok?”.

“Todos os dias dizem segunda-feira, todos os dias dizem segunda-feira”, reagiu o imigrante.

À RTP, Luman relatou o seu drama: “Quis ir ver a minha mãe (no Paquistão) e ela morreu. Quis is ver o meu pai e ela morreu. Quis ir ver a minha irmã e ela morreu”.

“Preciso dos documentos. Quero ver a minha família”, apelou o imigrante, que está todos os dias à espera de regularizar a sua situação mas, quando chega à AIMA, dizem sempre para voltar na segunda-feira seguinte: “Não entendo o que se passa”.

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