Pela primeira vez, socialistas podem liderar o arquipélago (será difícil). Pior resultado de sempre do PSD, JPP dá o maior salto nas urnas.
O PSD voltou a vencer as eleições regionais na Madeira, mas teve o seu pior resultado de sempre.
Apesar de toda a polémica e de todas as suspeitas à volta do seu líder, Miguel Albuquerque, o PSD conseguiu levar a melhor – como sempre – nas eleições na Madeira.
Conseguiu 36,13% dos votos, equivalente a 19 deputados. Longe da maioria absoluta (24 deputados), e com uma queda de 7 pontos percentuais e de 4 deputados em relação às eleições de Setembro do ano passado, quando tinha atingido 43,13% e 23 deputados.
O PS não aproveitou a turbulência do maior rival: manteve os seus 11 deputados e praticamente a mesma percentagem – passou de 21,30% para 21,32%.
O grande salto neste domingo foi para o terceiro partido mais votado, o JPP. O fenómeno local passou de 5 para 9 deputados, quase duplica a representação no Parlamento Regional. Teve 16,89% dos votos, quando tinha registado 11,03% dos votos no ano passado. O JPP foi o “grande vencedor” do dia, descreveu Alberto João Jardim.
O Chega continua com 4 deputados, o CDS-PP consegue 2, a IL e o PAN continuam com 1 deputado cada.
Dois derrotados da noite foram os dois partidos mais à esquerda: CDU e BE perderam a representação parlamentar que tinham, não conseguiram eleger qualquer deputado.
A abstenção foi praticamente igual ao acto eleitoral anterior: 46,60%.
E agora?
Agora prevê-se um novo cenário de instabilidade, algo que tem sido hábito na política portuguesa.
As contas são fáceis de se fazer mas difíceis de se concretizar: se o PS se junta ao JPP, já consegue mais deputados do que o PSD (20 contra 19).
Mas ainda faltam 4 deputados para a maioria absoluta – precisamente os 4 que CDS, IL e PAN têm em conjunto.
O PS está disponível para falar com todos esses partidos. Na noite passada, o líder Paulo Cafôfo disse que vai falar com todas as forças partidárias para tentar apresentar um Governo (menos com PSD e Chega).
Mas dificilmente vai conseguir esse consenso alargado: CDS e IL não se devem juntar aos socialistas. Aliás, Rui Rocha já avisou que nem vale a pena o PS falar com os liberais. A IL não vai fazer qualquer acordo ou entendimento com nenhum dos dois maiores partidos.
O PSD também vai ter muitas dificuldades em ter maioria absoluta: JPP e Chega não entram nestas contas, o CDS nem se candidatou em conjunto desta vez, IL e PAN também se distanciaram claramente do PSD durante a campanha eleitoral.
É um partido isolado. Tudo por causa de Miguel Albuquerque e dos processos que decorrem na Justiça.
Devido a este distanciamento geral, o PSD pode avançar com um Governo minoritário e instável, tentando acordos caso a caso, Orçamento após Orçamento; apostando na viabilização do programa do Governo e não em acordo governamental.
Ou então Miguel Albuquerque sai e o partido apresenta outro nome para formar Governo – algo que parece pouco provável, já que Albuquerque mostrou na noite passada que vai continuar e disse que vai procurar formar um Governo “com estabilidade”, estando disponível para falar com todos os partidos (menos com o PS).
Falta é a disponibilidade dos outros partidos.
As declarações do presidente demissionário mostram também que, desta vez, o PSD está pronto para negociar com o Chega, ao contrário do que aconteceu em Setembro, quando Luís Montenegro assegurou que isso não iria acontecer (e não aconteceu).
O JPP disse que só ia atender chamadas nesta segunda-feira, garantindo que não vai fazer qualquer acordo com o PSD. Sobre o PS, não houve qualquer afastamento claro.