O murro mais forte do planeta não é de um humano (não, não é o de um canguru)

Patrick Green/ Futurity

Camarão-louva-a-deus-palhaço

Os Odontodactylus scyllarus vivem em tocas que constroem nos fundos dos corais, ou em buracos deixados por outros animais, em rochas e substratos próximos de corais de recifes a cerca de 40 metros de profundidade.

Os olhos dos camarãolouvadeuspalhaço (Odontodactylus scyllarus) têm 12 a 16 recetores de cores diferentes e conseguem detetar a polarização da luz.

Na sua forma de proteção contra predadores e presas utilizam golpes bastante rápidos, que são capazes de acelerar ao mesmo nível que uma bala de calibre 22.

Um novo estudo, publicado a semana passada no Journal of Experimental Biology, sublinha que os conhecimentos sobre o comportamento são fundamentais para compreender a morfologia animal.

“Os O. scyllarus trocam golpes semelhantes a balas nas placas blindadas da cauda uns dos outros, ou télsons, durante as lutas por abrigos”, afirma no site da  Universidade da Califórnia o ecologista Patrick Green, que estudou estas criaturas para compreender como se defendem dos golpes dos seus rivais.

Investigações anteriores revelaram que os seus exosqueletos são resistentes aos golpes, absorvendo parte do impacto como um saco de boxe.

“Nas lutas naturais, vemos os camarão-louva-deus-palhaço enrolarem as caudas à frente do corpo como um escudo. Eu queria saber como é que este uso da cauda alterava a forma como recebiam os impactos”, realça Green.

Green introduziu pares destes crustáceos territoriais e filmou as suas escaramuças.

A análise do movimento dos seus apêndices antes e depois do contacto permitiu-lhe calcular a quantidade de energia que transmitiam um ao outro, o que,  juntamente com o movimento das suas caudas antes e depois do impacto, permitiu quantificar a energia que dissiparam em cada ataque.

Depois de analisar os números, os investigadores descobriram que a incorporação deste comportamento de enrolamento do télson, permite que os camarões mantis dissipem mais energia do que a sua armadura pode absorver com base apenas nas suas propriedades materiais, aumentando o número de 69% da energia do golpe para cerca de 90%.

Existem mais de 400 espécies de camarões em todo o mundo, com uma variação na forma das suas placas de cauda.

Este estudo ajuda a relacionar o comportamento e a morfologia dos animais, para que seja possível compreender melhor a forma como os mesmos se posicionam nas suas lutas.

Soraia Ferreira, ZAP //

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