Os abelhões voltam a surpreender. Um novo estudo constatou que podem resolver tarefas que vão muito além do seu tamanho.
De acordo com um novo estudo, publicado a semana passada na Proceedings of the Royal Society B, os abelhões (Bombus sp.) conseguem executar tarefas cooperativas que transcendem a capacidade esperada dos seus minúsculos cérebros.
Esta é a segunda vez, este ano, que uma pesquisa nos revela proezas destas simpáticas criaturas, depois de um estudo publicado em março na Nature nos ter trazido detalhes surpreendentes do seu complexo comportamento social.
Estas descobertas, que surgem no meio de uma crescente controvérsia acerca da possível consciência dos insetos, sugerem demonstrações de inteligência coletiva semelhante à humana, especificamente nos abelhões.
No decorrer do estudo agora publicado, uma equipa liderada por Olli J. Loukola, investigador da Universidade de Oulu, na Finlândia, constatou que abelhões treinados a executar tarefas juntos para ganhar uma recompensa açucarada eram mais propensos a esperar pelo parceiro antes de voltar para a tarefa do que as abelhas que as executavam sozinhas.
Loukola e os seus colegas descobriram que, quando o parceiro de uma abelha era impedido de entrar numa arena de teste, demorava mais tempo a empurrar a porta, ou blocos de Legos, do que as abelhas de controlo, que aprenderam a empurrá-la sozinhas e que tentaram logo aceder à sua recompensa sem ajuda.
Em comparação com animais de cérebro de grandes dimensões, não se esperava esta proeza por parte dos abelhões.
Experiências laboratoriais recentes demonstram que as abelhas não devem ser subestimadas, pois podem realizar inúmeras tarefas desde ensinar outras pessoas a resolver problemas, contar até zero, fazer equações de matemática básicas e até aprender tarefas passo a passo.
Noutras experiências em túneis, as abelhas hesitavam junto a uma porta que escondia a sua recompensa até que o seu parceiro de treino chegasse ou voltavam para a porta depois de irem à procura do seu parceiro quando este aparecia no túnel adjacente.
É complicado entender como é que os abelhões podem ter desenvolvido esta capacidade de cooperação, porque, como os investigadores observam, tendem a funcionar como guardas solitários quando procuram alimentos na natureza.
“As conclusões do estudo desafiam as noções convencionais sobre os insetos, e a capacidade de trabalhar em conjunto para um objetivo comum está presente mesmo no cérebro em miniatura dos abelhões”, afirma Loukola, em comunicado publicado no site da universidade.
Os autores do estudo agora publicado sugerem que este comportamento cooperativo seja generalizado no reino animal para ajudar à sobrevivência dos seus parceiros quando necessário.
A cooperação é um fenómeno generalizado observado em várias espécies, desde os primatas aos golfinhos, e dos peixes aos insetos sociais. A compreensão dos mecanismos cognitivos subjacentes à cooperação animal tem sido um tema de interesse crescente nos últimos anos por parte da ciência.