Descoberta enterrada de pé em Valência em 1994, a espada “Excalibur” espanhola foi recentemente datada. Tem mais de 1000 anos, altura em que o Califado Omíada controlava a Península Ibérica.
Uma espada enterrada de pé em Espanha, e por isso chamada de “Excalibur”, como a lendária arma do Rei Artur, tem mais de 1000 anos, revela um novo estudo.
A arma de ferro, um artefacto raro do período islâmico da Península Ibérica, ilustra a rica história de domínio islâmico da região.
Na lenda arturiana, Excalibur é uma espada magicamente alojada numa pedra, até que o jovem Artur a retira, ganhando o direito de ser coroado rei da Grã-Bretanha.
Há três décadas, investigadores de Valência, na costa leste de Espanha, descobriram uma arma numa posição semelhante, enterrada na vertical num sítio arqueológico, e deram-lhe o mesmo nome.
Recentemente, a espada foi restaurada e analisada por investigadores do Serviço de Arqueologia da Câmara Municipal local, que a dataram do século X — altura em que Valência se chamava Balansiya.
“Esta espada tem um desenho único que lhe confere um grande valor arqueológico e patrimonial”, afirma José Luis Moreno vereador da autarquia local, em comunicado.
A arma foi descoberta em 1994 na histórica Rua Chabàs, a norte do antigo fórum romano de Valência — área que, escreve o repórter de ciência Aristos Georgiou na Newsweek, “foi ocupada por várias culturas ao longo da história da cidade”.
Entre 500 e 1000 d.C., as forças bizantinas, visigóticas e árabes lutaram pelo controlo da Península Ibérica. Nos primeiros séculos deste período, os bizantinos, originários do Médio Oriente, perderam a península para os visigodos da Europa Ocidental.
Depois, a partir de 711, os exércitos unidos pela dinastia omíada, o primeiro grande regime muçulmano do califado árabe, colocaram toda a península sob o domínio islâmico. Os muçulmanos chamaram ao seu reino ibérico Al-Andalus, um título mais tarde alterado para Andaluzia.
A análise da espada espanhola foi conduzido pelo arqueólogo José Miguel Osuna no âmbito de um estudo mais vasto de uma coleção de objetos metálicos de Valência, que abrange desde a época romana até ao final do período medieval.
Feita de ferro, a espada é curta, medindo cerca de 18 cm de comprimento. Segundo o comunicado, o punho é decorado com placas de bronze e entalhes para facilitar o manuseamento.
A ponta da lâmina é ligeiramente curvada, o que gera confusão quanto à cronologia, uma vez que as espadas visigóticas tinham uma forma semelhante.
Osuna e os seus colegas confirmaram a idade do artefacto analisando as camadas de terra sedimentar em que estava enterrado.
O pequeno tamanho da arma e a ausência de uma proteção para a mão sugerem que foi usada por um cavaleiro andaluz. É a única espada da era islâmica encontrada em Valência.
Apenas uma arma comparável foi escavada em Espanha, nos arredores de Córdova. Os achados arqueológicos deste período são raros no país e ainda mais raros em Valência, devido às características do solo da cidade.
O período islâmico da Península Ibérica foi uma época de “notável intercâmbio cultural entre populações cristãs, judaicas e muçulmanas”, nota a Smithsonian. Por volta do ano 900, Córdova tornou-se “talvez o maior centro intelectual da Europa”.
O domínio muçulmano manteve-se até cerca de 1492, altura em que um longo período de esmorecimento da influência culminou com a conquista de Granada pelos cristãos.
Graças ao recente exame da espada, diz Moreno, “temos um novo tesouro nesta Excalibur islâmica e um legado histórico da antiga Balansiya“.
Na verdade, é mais comprida. A espada mede 45,72 cm (18 polegadas).