A Iniciativa Liberal (IL) propôs, na última Conferência de Líderes, que o 25 de Novembro de 1975 seja integrado nas celebrações dos 50 anos da Revolução dos Cravos. A ideia foi apoiada por Chega e CDS.
O tema foi levantado pela líder parlamentar da IL, Mariana Leitão, que pediu “a inclusão da celebração do 25 de Novembro nas comemorações do cinquentenário do 25 de Abril“, conforme se pode ler na súmula da Conferência de Líderes do passado dia 28 de Março.
O deputado do CDS-PP Paulo Núncio reforçou “o interesse do seu grupo parlamentar na comemoração da referida data no Parlamento, com dignidade”, algo com que o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, concordou.
A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, “defendeu que o que interessa comemorar é o 25 de Abril”, aponta ainda a súmula da Conferência de Líderes.
Pelo Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo considerou que as duas datas “não são comparáveis”.
Já o deputado Pedro Delgado Alves do PS “lembrou que a celebração do 25 de Novembro não tinha reunido consenso e que o calendário das comemorações estava definido”.
Contudo, o socialista “admitiu que se podia revisitar a questão, mas não neste momento ou neste contexto”.
O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco “referiu que o momento não parecia adequado para abordar a questão e que ia recolher informação junto do Secretário-Geral”.
Em Outubro do ano passado, o ex-presidente do Parlamento Augusto Santos Silva, afirmou que os 50 anos da operação militar de 25 de Novembro de 1975 estavam fora do programa oficial das comemorações do cinquentenário da revolução de 25 de Abril de 1974.
Apesar disso, PSD, IL e Chega fizeram questão de celebrar o 25 de Novembro no Parlamento, num momento que os deputados do PS definiram como um “golpe de estado em curso”.
Vasco Lourenço acusa IL e Chega de terem “más intenções”
Um dos capitães de Abril, Vasco Lourenço, uma das figuras da Revolução dos Cravos, entende que “faria sentido” assinalar o 25 de Novembro se a iniciativa de IL, Chega e CDS “não fosse feita com más intenções, de deturpação do que foi o 25 de Novembro“, refere em declarações à Rádio Observador.
“Eu comemoro todos os anos o 25 de Novembro, mas comemoro também o 11 de Março e o 28 de Setembro”, sublinha ainda Vasco Lourenço referindo-se a duas datas históricas e conturbadas.
O Golpe ou Intentona de 11 de Março de 1975 foi uma tentativa de golpe de estado dirigida pelo General António de Spínola depois de se ter demitido do cargo de Presidente da República.
Essa demissão surgiu na sequência da proibição por parte do MFA (Movimento das Forças Armadas) de uma manifestação da chamada “maioria silenciosa”, a 28 de Setembro de 1974, que pretendia apoiar Spínola contra as forças comunistas do país.
“Comemoremos o 28 de Setembro como derrota da direita, comemoremos o 11 de Março de 1975 como derrota da direita outra vez, e comemoremos o 25 de Abril como derrota das esquerdas e das direitas mais radicais“, salienta, deste modo, Vasco Lourenço.
“Querem comemorar a derrota que tiveram na altura?”
O Capitão de Abril realça a importância de olhar para o 25 de Novembro “com o significado fundamental que teve que foi de garantir a continuação da democracia e do trabalho da Assembleia Constituinte que acabou por aprovar a Constituição da República, anulando todas as tentativas, quer à esquerda (que são aquelas que a IL quer comemorar), quer à direita (que são as que não quer comemorar e que algumas forças radicais procuram fazer regressar – que é um novo 28 de Maio)”.
O 28 de Maio de 1926 ficou marcado por um golpe de estado militar que levou à queda da Primeira República Portuguesa e à instauração de uma ditadura militar. Deram-se, assim, os primeiros passos para a instauração do Estado Novo que durou até 1974, altura da Revolução do 25 de Abril.
Deste modo, Vasco Lourenço nota que está contra a ideia de só “salientarem a vitória contra as forças mais radicais da esquerda” no âmbito do 25 de Novembro.
“Eu que comandei as operações no 25 de Novembro, do lado do Grupo dos Nove, que foi quem saiu vencedor, a maior dificuldade que acabei por ter no terreno foi evitar um novo 28 de Maio que as forças extremistas à direita queriam fazer“, destaca o capitão de Abril.
Vasco Lourenço acrescenta que Chega e IL “representam”, embora indirectamente, as forças mais à direita que foram “vencidas no 25 de Novembro”.
“Estão a querer comemorar o quê? A derrota que tiveram na altura?”, questiona.
“O 25 de Novembro foi a reposição nos verdadeiros carris do 25 de Abril como um acto de libertação, um acto de democracia, e não um acto de repressão como seria um 28 de Maio”, considera ainda.
“Há forças que não têm coragem, não têm condições para atacar o 25 de Abril como um acto libertador único na História universal”, e que, por isso, “tentam juntar-lhe outras comemorações”, atira ainda Vasco Lourenço numa farpa a IL, Chega e CDS.
Susana Valente, ZAP // Lusa
O camarada Vasco a matar duas coelhinhas de uma cajadada só… Lindo!
Os fachos que sejam coerentes e que celebrem o 28 de Maio, se tiverem coragem!
E se quiserem celebrar o 25 de Novembro também, façam-no na data adequada, que é daqui a 9 meses…
Agora celebrar o 25 de Novembro a 25 de Abril, é coisa de putos birrentos que querem misturar tudo para tirar protagonismo à data que lhes faz comichão (e que tirou mordomias a muitos dos actuais ideólogos, dirigentes e apoiantes do “Chega de sermos adultos, só queremos ser infantis”…)
O 28 de Maio foi apenas o fim da barafunda da I República. Acabou por levar ao Estado Novo, mas isso não foi culpa de quem fez o 28 de Maio. Por isso é que o Gen. Gomes da Costa tem nome em rua de Lisboa.
E mais uma tentativa da direita, nomeadamente da reacionária, de boicotar a celebração dos 50 anos do 25 de abril, O 25 novembro é uma data absorvida pelo 25 abril.. VIVA o 25ABRIL, sempre.