A Síndrome de Havana não deixa danos neurológicos — e o mistério adensa-se

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Alejandro Ernesto / EPA

Embaixada dos EUA em Havana, Cuba

A enigmática Síndrome de Havana, que surgiu pela primeira vez entre os diplomatas norte-americanos em Cuba em 2016, tem sido uma fonte de intriga devido às suas origens misteriosas e sintomas alarmantes.

Apesar da especulação e investigação, dois estudos recentes de imagiologia cerebral não encontraram danos neurológicos duradouros nos doentes, acrescentando mais uma camada de complexidade à questão.

A Síndrome de Havana começou a chamar a atenção quando funcionários da embaixada dos EUA em Havana relataram sintomas invulgares, incluindo tonturas, dores de cabeça e uma sensação de pressão na cabeça, muitas vezes acompanhada de ruídos estranhos.

A condição, que desde então tem sido relatada em diplomatas norte-americanos na China e na Áustria, tem sido objeto de várias teorias, com alguns a sugerir que poderia ser o resultado de um ataque de energia pulsada. No entanto, a natureza exata e a causa da doença têm permanecido desconhecidas.

Numa tentativa de compreender o impacto da Síndrome de Havana, dois grupos distintos de investigadores realizaram estudos de imagiologia cerebral em indivíduos afetados, comparando os resultados com os de controlos não afetados.

Os estudos tinham como objetivo identificar quaisquer danos neurológicos que pudessem esclarecer as origens da doença ou oferecer informações sobre potenciais tratamentos, destaca o IFLScience.

O primeiro estudo, que envolveu 81 indivíduos diagnosticados com a Síndrome de Havana e 48 controlos, utilizou a ressonância magnética para examinar a estrutura e a função do cérebro. Contrariamente às expectativas, os investigadores não encontraram diferenças significativas entre os dois grupos.

Esta ausência de lesões cerebrais detetáveis ou de anomalias desafia os resultados anteriores de 2019, que sugeriam uma redução da substância branca e da conetividade em certas regiões cerebrais dos doentes.

Além disso, os exames de acompanhamento não revelaram alterações ao longo do tempo nos cérebros das pessoas com Síndrome de Havana, sugerindo a ausência de lesões evolutivas típicas de lesões cerebrais agudas. Contudo, os investigadores sublinharam que as suas descobertas não diminuem a gravidade da condição clínica vivida pelos doentes.

O segundo estudo comparou os exames de ressonância magnética de 86 indivíduos com Síndrome de Havana com 30 controlos e, da mesma forma, não encontrou diferenças significativas.

Esta ausência de lesões levou os investigadores a propor que, embora possa não haver alterações fisiológicas persistentes, uma parte dos doentes apresentava sinais de perturbações neurológicas funcionais, tais como tonturas persistentes.

Ambos os estudos foram publicados esta semana na revista científica Journal of the American Medical Association.

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