A ajuda humanitária enviada por navio, desde o Chipre, já foi descarregada e pode ser distribuída em Gaza. A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta para aumento chocante da desnutrição aguda em crianças no norte do enclave.
A carga do primeiro navio de ajuda humanitária a chegar à Faixa de Gaza vindo do Chipre já foi descarregada e está a ser preparada para ser distribuída à população.
“Toda a carga foi descarregada e está a ser preparada para ser distribuída em Gaza”, afirmou, este sábado, a organização não-governamental World Central Kitchen (WCK, na sigla em inglês), responsável por este envio de ajuda humanitária, num comunicado enviado à agência de notícias AFP.
Essa carga de quase 200 toneladas de alimentos, segundo a ONG, foi transportada de Chipre numa barcaça rebocada pelo navio da ONG espanhola Open Arms, que partiu terça-feira do porto cipriota de Larnaca.
O navio aportou num cais temporário em Gaza e a carga foi descarregada para doze camiões.
Esse barco foi o primeiro a utilizar um corredor marítimo aberto a partir de Chipre, o país da União Europeia (UE) mais próximo da Faixa de Gaza, face à emergência humanitária e à ajuda insuficiente que chega por terra.
A comunidade internacional e as ONG sublinham, no entanto, que este corredor marítimo e os lançamentos aéreos de ajuda não podem substituir as rotas terrestres.
A World Central Kitchen está neste momento a carregar um segundo barco em Larnaca, cuja data de partida para Gaza ainda não foi anunciada.
Crianças em estado de desnutrição aguda
Uma em cada três crianças com menos de 2 anos (31%) que vivem no norte de Gaza já sofre de desnutrição aguda, alertou, esta terça-feira, a UNICEF – Agência das Nações Unidas para a Infância-
O norte de Gaza continua a ser o lar de dezenas de milhares de palestinianos que consideraram completamente impossível abandonar as suas casas para escapar aos bombardeamentos e à incursão terrestre do exército israelita, lançados em resposta aos ataques do grupo islamita Hamas contra Israel a 7 de outubro
A UNICEF, citando o Ministério da Saúde palestiniano, indica que morreram pelo menos 23 crianças do norte da Faixa de Gaza por desnutrição e desidratação nas últimas semanas, elevando o número de crianças mortas no enclave palestiniano neste conflito para cerca de 13.450.
Um rastreio nutricional realizado pela UNICEF revelou que a prevalência da desnutrição aguda entre crianças menores de 5 anos de idade no norte aumentou de 13% para 25%, de acordo com o estudo.
Além disso, exames realizados pela primeira vez em Khan Yunis, no centro-sul da Faixa e um dos grandes epicentros dos combates, revelaram que 28% das crianças com menos de 2 anos sofrem de desnutrição na fase aguda, dos quais mais de 10% apresentam emaciação [emagrecimento] grave – a forma mais perigosa de desnutrição, que expõe as crianças “a um risco aumentado de complicações médicas e morte, a menos que recebam alimentação e tratamento terapêutico com urgência, o que não possuem agora”.
Mesmo em Rafah, o último grande refúgio para a população palestiniana no sul, os resultados do rastreio entre crianças com menos de 2 anos duplicaram, passando de 5% de desnutrição aguda em janeiro para quase 10% no final de fevereiro, e a emaciação quadruplicou de 1% para mais de 4% durante o mês.
As agências da ONU têm alertado para o risco de fome na Faixa de Gaza desde dezembro e em janeiro ultrapassou os limites de emergência para a desnutrição infantil aguda.
ZAP // Lusa
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Por acaso vi uma foto de uma criança gravemente desnutrida… Mas por alguma razão a mãe estava bem a cima do peso recomendado para uma pessoa saudável ….