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Enorme metrópole com casas em forma de colmeia encontrada nos EUA

Etzanoa.net

Povoação Wichita de Etzanoa

Enorme cidade perdida chegou a abrigar 20 mil pessoas — era a segunda maior povoação da área que hoje conhecemos como os EUA. Em 500 anos, foi de metrópole a cidade esquecida, graças aos espanhóis.

Com recurso a documentos recentemente traduzidos dos conquistadores espanhóis, uma enorme cidade perdida na atual Arkansas City, Kansas, nos EUA, foi encontrada por uma equipa liderada por Donald Blakeslee, antropólogo e professor de arqueologia na Universidade Estadual de Wichita.

Mas Etzanoa, que se escondia numa área já conhecida pelos locais pela sua abundância de artefactos antigos, foi na verdade muito mais do que uma simples cidade: entre os anos 1450 e 1700, foi uma metrópole onde chegaram a morar cerca de 20 mil pessoas do povo Wichita e outros grupos indígenas — e a segunda maior povoação da área que corresponde hoje aos EUA.

“‘Pensei, ‘uau, as descrições das testemunhas oculares são tão claras que é como se estivéssemos lá’”, disse ao Los Angeles Times Blakeslee, que liderou a “montagem do puzzle” que contém peças como vestígios de batalhas, cerâmica e relatos de locais de fogueiras antigas. Mas o puzzle só pôde ser terminado quando um adolescente encontrou, em 2017, uma bala de canhão que remetia a uma batalha perto da atual cidade de Arkansas, que ocorreu no ano de 1601.

“Muitos artefactos foram retirados daqui. Agora sabemos porquê. Havia 20 mil pessoas a viver aqui durante mais de 200 anos”, disse um residente do bairro onde a anciã cidade costumava estar.

De metrópole a cidade esquecida

A descoberta de Etzanoa desafia as perceções anteriores das Grandes Planícies como terras largamente desabitadas percorridas por tribos nómadas, e lança nova luz sobre a América do Norte pré-colombiana. Esteve presente, na verdade, uma sociedade urbana altamente desenvolvida na região.

Etzanoa, que se estendia por pelo menos oito quilómetros entre os rios Walnut e Arkansas, tinha casas em forma de colmeia cobertas de palha, de acordo com descrições históricas encontradas pela equipa.

Foi o conquistador e explorador Francisco Vázquez de Coronado, em 1541, quem encontrou a cidade. Procurava ouro, movido por rumores, mas em vez disso encontrou uma vibrante comunidade de nativo-americanos no local, que batizaria de Quivira.

Cerca de 60 anos mais tarde, quando Juan de Oñate e 70 outros navegadores entraram por Quiviria, deram de caras com a tribo Escanxaque, que lhes falou da existência da metrópole descoberta em 2018.

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Assentamento Wichita, pintura de George Catlin

Se inicialmente foram bem recebidos, o encontro rapidamente azedou, quando a tripulação de Oñate começou a fazer reféns, provocando conflitos que resultaram na retirada dos locais, que temiam pela sua vida.

Mais tarde, também por medo de represálias, deu-se a retirada dos espanhóis — que tinham bons motivos para estarem preocupados.

No caminho de regresso a casa, Oñate e os seus homens foram atacados por um grupo de 1000 Escanxaques. Travou-se uma grande batalha que resultou na retirada definitiva dos espanhóis da região.

Quase um século depois, os franceses também se aventuraram, mas já não encontraram qualquer vestígio de Etzanoa: a doença tinha “matado” o povo que restava.

Tomás Guimarães, ZAP //

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