As chitas dominam os lugares cimeiros na secção de corridas das Olimpíadas dos animais e agora sabemos porquê.
Um novo modelo de desempenho muscular, publicado na revista Nature Communications, vem dar resposta a esta questão.
Segundo o IFL Science, estes animais de tamanho médio, em termos de velocidade, conseguem ultrapassar animais muito maiores — uma anomalia que tem intrigados os zoólogos o suficiente para inspirar artigos.
“Porque é que a velocidade de corrida rompe com os padrões regulares que regem a maioria dos outros aspetos da anatomia e do desempenho dos animais? perguntou David Labonte, do Imperial College de Londres.
Labonte e os seus colegas mostraram que existem dois fatores limitantes da velocidade de corrida, em vez de um, como se supunha.
Os investigadores exploraram a forma como os músculos se contraem, utilizando-a para construir um modelo físico que prevê a velocidade de corrida de um animal.
Confirmaram a sua exatidão comparando as previsões com medições recolhidas por outros investigadores em mais de 400 espécies, desde insetos com um peso de 10 000 gramas até aos maiores mamíferos.
“A chave do nosso modelo é compreender que a velocidade máxima de corrida é limitada tanto pela rapidez com que os músculos se contraem, como pela quantidade que podem encurtar durante uma contração”, explicou Christofer Clemente, coautor e professor da Universidade de Sunshine Coast.
“Os animais do tamanho de uma chita encontram-se num ponto físico ideal, com cerca de 50 quilogramas, onde estes dois limites coincidem. Estes animais são, consequentemente, os mais rápidos, atingindo velocidades de até 105 quilómetros por hora“.
Por sua vez, os animais mais pequenos são travados pelo limite a que Clemente se refere, uma vez que os seus músculos não conseguem contrair-se suficientemente depressa para incomodar os seus congéneres de tamanho médio.
As forças geradas pela contração muscular são grandes em relação ao peso dos animais, o que é bom para ultrapassar forças contrárias, mas limita as velocidades máximas.
No caso dos animais de grande porte, como os rinocerontes ou elefantes, “correr pode ser como levantar um peso enorme, porque os seus músculos são relativamente mais fracos e a gravidade exige um custo maior. Como resultado de ambos, os animais acabam por ter de abrandar à medida que crescem“, explicou Peter Bishop, da Universidade de Harvard.
Os investigadores comparam a situação com o número de Reynolds na dinâmica de fluidos, em que a viscosidade domina em pequenas escalas e as forças de inércia em escalas maiores.
As chitas podem ter o tamanho certo para atingir a velocidade máxima, mas há outras razões para serem as “vencedoras“.
Um dos fatores é que estes animais evoluíram para serem velocistas, em vez de corredores de longa distância, apostando tudo nos músculos de contração rápida.
Os grandes répteis, como os crocodilos, não conseguem igualar a velocidade dos seus congéneres mamíferos.
“Uma possível explicação para este facto pode ser que o músculo dos membros é uma percentagem menor do corpo dos répteis, em peso, o que significa que atingem o limite de trabalho com um peso corporal menor e, portanto, têm de permanecer pequenos para se moverem rapidamente”, disse Taylor Dick da Universidade de Queensland.