Televisões apontam para vitória de Luís Montenegro em “noite histórica” para o Chega. PS admite ficar “aquém das expectativas”. Pode ainda haver uma grande surpresa nos resultados: o ADN.
Com duas horas de escrutínio de votos, já é certo que o próximo parlamento vai ter mais deputados à direita do que à esquerda, e é cada vez mais provável a vitória para a Aliança Democrática (AD) com margem de erro para empate técnico com o Partido Socialista (PS), que chega atrás da coligação, “aquém das expectativas”.
O Chega, o partido que mais subiu e bem posicionado nas projeções, acredita ser o grande vencedor da noite e ter posto “fim ao bipartidarismo“.
A IL vai festejando as projeções que dão vitória a Montenegro, enquanto o Livre segue bem posicionado e a CDU e PAN esperam não desaparecer do mapa parlamentar.
Depois de Montenegro saudar a queda da abstenção e se mostrar confiante e preparado para todos os cenários “desde a primeira à última hora” e Pedro Nuno reforçar “um dia muito importante para todos nós”, os partidos já foram reagindo às projeções e à taxa de abstenção, que pode vir a ser a mais baixa dos últimos 15 anos.
AD reforça “um dos piores resultados de sempre da esquerda”
A porta-voz da AD, Margarida Balseiro Lopes, diz que a pré-coligação aguarda os resultados “com toda a serenidade, confiança e otimismo”.
Hugo Soares, do PSD, começou por dizer que esta é uma vitória de “todos os portugueses”, apontando para a “vitória da Aliança Democrática” e da hipótese de estarmos perante “um dos piores resultados de sempre da esquerda”.
Gonçalo da Câmara Pereira, líder do PPM, também já falou.
“Fiz o meu papel, o papel do PPM foi apostar num líder que falasse por nós. Fazer qualquer coisa era fazer barulho sem necessidade, a nossa voz esteve sempre na boca dele, ele falou por nós”, disse Câmara Pereira.
PS admite ficar “aquém das expectativas”
O secretário-geral adjunto socialista admite que o resultado do PS, conforme as projeções, “ficou, infelizmente, aquém das expectativas” do partido.
João Torres admite o PS trabalhou “com muito empenho e dedicação, mas a democracia é assim mesmo. Agora, o que é fundamental é aguardar pela evolução da divulgação dos resultados e da distribuição dos mandatos de deputados na AR”, reforça.
João Torres saúda ainda a queda da abstenção: “A democracia vence sempre que conseguimos fomentar maior participação dos eleitores, mesmo que ainda haja um longo caminho a fazer. É um dado positivo destas eleições. Uma saudação a todos aqueles que se dirigiram às urnas para votar, nos 50 anos do 25 de Abril.”
“Independentemente do resultado eleitoral, hoje abrir-se-ia sempre um novo ciclo no PS”, reforça.
A ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, diz que o PS deve fazer uma oposição fortíssima ao que aí vem.
“Antevê-se que não será bom para os portugueses. Queria dar um abraço ao secretário-geral. PS deverá estar vigilante ao que pode vir acontecer”, diz, sem responder à questão se o PS iria viabilizar um governo da Aliança Democrática.
Sobre os resultados do Chega, que poderá eleger mais de 40 deputados, Ana Catarina Mendes afirma que é um resultado que “preocupa“. “Respeito os eleitores, mas é evidente que os socialistas que lutaram pela democracia ao longo destes 50 anos devem estar vigilantes”, termina.
Fernando Medina referiu, mais tarde, que a derrota do PS não é de Pedro Nuno Santos, mas “global e assumimos em conjunto”, lamentando a ascensão do Chega.
“Noite histórica” para o Chega
“Acabou o socialismo!” ouvia-se na sede do partido de extrema-direita. “Uma noite histórica”, abriu o líder da bancada parlamentar Pedro Pinto.
“Estamos perante uma noite histórica. As projeções indicam que teremos uma viragem em Portugal, uma vitória da direita. Teremos um grande resultado do Chega”, disse.
“Será uma noite longa, mas o Chega vai, no mínimo, dobrar o seu resultado. Mas achamos que vai ser muito mais. É certo que o Chega é quem mais sobe. É um grande, grande resultado. Estamos satisfeitos, mas queremos mais. Já conseguimos que a esquerda não vença em Portugal”, afirma.
“Uma cosia é certa: o Chega é quem mais sobe e a esquerda não ganha em Portugal”, disse Pedro Pinto.
Pouco depois, André Ventura falou aos jornalistas.
“Resultado histórico, o Chega pode ultrapassar os 20% dos votos, é absolutamente histórico. A confirmarem-se as projeções, hoje é o dia em que termina o bipartidarismo. Haverá uma maioria forte à direita para governar. A partir desta noite, teremos de trabalhar para um governo estável em Portugal”, diz o líder de extrema-direita.
“Sinto-me realizado, não venci, que era a grande meta estabelecida, mas é um grande resultado. É um valor que permite ao Chega integrar o governo“, continua, antes de concluir: “Temos uma maioria nas mãos e seremos totalmente irresponsáveis se não o negociarmos”.
“Acreditamos que estamos numa altura que preocupa muito os portugueses. Eles sentiram isso e que era seu dever votar e dar uma resposta aos acontecimentos destes últimos anos no nosso país”, declarou um dos secretários-gerais do Chega, Rui Paulo Sousa na sede do partido, em Lisboa.
Iniciativa Liberal festeja vantagem da AD
A sala do Monsanto Secret Spot festejou com aplausos as projeções que apontam todas para a vitória de Montenegro.
A candidata por Lisboa Angelique Da Teresa fala de uma boa notícia. “É um sinal de viatalidade da nossa democracia, esperemos que esta seja a primeira boa notícia da noite”, diz.
Da Teresa aproveitou ainda para salientar a medida da Iniciativa Liberal sobre o círculo de compensação. “Esperemos que não sejam votos de protesto, esperemos que sejam votos de esperança e de construção de um Portugal com futuro”.
Bloco com “orgulho”
A ex-líder do partido Catarina Martins optou por salientar o “orgulho” da campanha do Bloco de Esquerda e elogiar a “extraordinária” Mariana Mortágua.
“A Mariana Mortágua esteve extraordinária em cada dia desta campanha. Foi a líder política mais preparada que este país já conheceu e tenho a certeza que o Bloco de Esquerda com ela continuará a ser a esquerda de confiança, combativa e incansável que toda a gente conhece”.
Livre pode eleger 6 deputados
O líder do Livre, Rui Tavares considera que é “sempre bom que tantas pessoas quanto possível exerçam o seu direito e o seu dever de contribuir para as decisões mais importantes da nossa comunidade” e admite que o que o deixa mais confiante é a “reação das pessoas” que acreditam numa esquerda verde.
CDU e PAN em risco
A CDU vai desaparecendo dos resultados eleitorais, mas confia que vai resistir. Manuel Rodrigues, da Comissão Política do Comité Central do PCP, também sublinhou os números mais baixos da abstenção. O PAN não quer negociar com a AD.
O candidato pela Europa Paulo Vieira de Castro mostra-se “extremamente feliz” com a ida às urnas dos portugueses, “principalmente no ano em que se comemora os 50 anos do 25 de abril”, sublinhando que ao que “tudo indica” o partido vai eleger um grupo parlamentar.
Ernesto Morais, membro da Comissão Política Permanente do PAN, sublinha a “grande amplitude de resultados” pelas projeções e mostrou-se otimista: “estamos expectantes que a campanha que realizamos se irá traduzir num resultado bastante positivo nas urnas”.
Inês Sousa Real começou por agradecer a quem votou e esteve nas mesas de voto, e disse aguardar com serenidade pelos resultados, que podem tirar ao partido o assento parlamentar.
Reforçando a posição de não querer negociar com a AD, garantiu que “as causas e os valores do partido são irrenunciáveis” , mas não quis esclarecer se iria votar favoravelmente a uma moção de rejeição.
“Mantemos aquilo que dissemos até aqui. Os nossos valores estão acima de qualquer interesse político-partidário e por isso o PAN mantém aquilo que disse até este momento sobre a AD”.
“Não estaremos disponíveis para viabilizar um Governo que, de alguma forma, afronte com os valores que o PAN representa na Assembleia da República”, vincou, garantindo que o partido “não renuncia às suas causas e valores”.
ADN, a grande surpresa acidental
A Alternativa Democrática Nacional (ADN) poderá eleger um deputado, segundo a projeção da CMTV.
De recordar que Aliança Democrática (AD) pediu a intervenção da Comissão Nacional de Eleições (CNE) por estarem a circular cartazes nas redes sociais onde se confunde propositadamente o partido ADN com a AD e de eleitores que pediram novos boletins de votos por terem feito confusão no momento do voto.
O Bugalho (muito desidratado) disse agora na TV (SIC) que o ADN tirou um deputado à AD em Portalegre. Errou, nem sabe somar, coitadinho-mentiroso. Carrega V.