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Portugal “finta” sanções a Moscovo: exportações para vizinhos da Rússia disparam

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Tendência verifica-se em vários países da UE. Aumento considerável de exportações para um grupo de nove países vizinhos é um sinal claro de reexportação para a Rússia.

Com cada vez mais sanções a serem impostas à Rússia devido à invasão da Ucrânia (um novo saco cheio delas, “um dos mais alargados”, foi anunciado na semana passada pela União Europeia (UE) e EUA) as empresas europeias têm vindo a redirecionar suas exportações para países vizinhos do país que invadiu a Ucrânia, numa tentativa de contornar as restrições comerciais — e Portugal não foge à regra.

Uma recente análise estatística do economista francês Eric Dor, avançada pelo Público esta terça-feira, destaca o aumento substancial das exportações para países geograficamente próximos à Rússia ou com fortes laços comerciais com este país, entre os quais a Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Quirguistão, Cazaquistão, Turquia e Uzbequistão.

O objetivo é manter o fluxo de comércio, apesar das barreiras impostas. Os dados apontam para um grande aumento de vendas para estes países — especialmente em categorias de produtos sujeitas a sanções mais rigorosas pela União Europeia.

O estudo do economista francês sugere ainda o mais óbvio: o aumento de exportações para estes países indica uma reexportação para a Rússia através destes intermediários, uma forma de “fintar” as sanções que têm vindo a ser impostas desde o início da guerra na Ucrânia, há dois anos atrás.

Aliás, o aumento de exportações para estes vizinhos é praticamente equivalente à redução registada nas exportações para a Rússia, o que leva o autor a afirmar que “se pode suspeitar de que parte destas compras pelos países terceiros examinados foi reexportada para a Rússia”.

Olhando para a movimentação dos 50 tipos de bens considerados de alta prioridade, as exportações dos países da UE para a Rússia diminuíram 95,44%, entre o período de outubro de 2020 a setembro de 2021 e o período de outubro de 2022 a setembro de 2023. Passaram de 3385 milhões de euros para apenas 154 milhões.

Ao mesmo tempo, as exportações da UE dos mesmos bens para este grupo de nove países, que mantêm fortes ligações comerciais à Rússia, aumentaram 81,55%, de 3653 milhões de euros para 6631 milhões de euros.

Portugal nem disfarça

No caso português, a reorientação do comércio é particularmente evidente.

Por exemplo, as exportações de produtos químicos para o Quirguistão saltaram de apenas 100 euros para mais de 80 mil euros, e as vendas totais para este país aumentaram quase oito vezes.O padrão repete-se, em múltiplos setores.

Na madeira, cortiça e até produtos químicos e plásticos, as exportações para a Rússia diminuem 24 milhões de euros; o aumento foi de 23,1 milhões de euros para os nove terceiros.

Entre o período de outubro de 2020 a setembro de 2021 e o período de outubro de 2022 a setembro de 2023 as exportações portuguesas para a Rússia diminuíram 54,93%, passando de 179,5 milhões de euros para 80,9 milhões. Mas os aumentos de exportações para os nove vizinhos fizeram-se notar: as vendas portuguesas para o Uzbequistão (211,64%) e o Cazaquistão (258,43%) mais do que triplicaram, e para a Arménia mais do que quadruplicaram.

As exportações para a Rússia diminuíram 103 milhões de euros e as exportações para os nove países próximos da Rússia aumentaram 474 milhões de euros entre 2021 e 2023, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

É “uma prova estatística de que as sanções da UE [à Rússia] estão a ser torneadas de forma massiva”, defende o autor do estudo.

ZAP //

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7 Comments

  1. A politica a funcionar no seu melhor…
    Não se vende à rússia mas vende-se aos vizinhos para introduzirem na rússia. A UE sabendo disto o que faz? nada!!! só vai doar dinheiro para a guerra criando riqueza para os fabricante de armas…
    Se à Sanções nas exportações para a Rússia não devia os paises aumentarem essas sanções aos países que exportam para a Rússia?
    enfim coisas de politiquisse que não se consegue entender…

  2. Eu Sempre disse que a Ursa Van der Leyen estava a Empobrecer a Europa com as Sanções e que a Rússia agradecia as mesmas ou seja , aumento de impostos na Energia por causa das sanções , comprar aos americanos mais Caro e a Rússia Matem-se com uma boa economia, ainda há quem queira mais Sanções

  3. Vergonha! Os exportadores portugueses que são cúmplices de vender indiretamente à Russia e contornam as sanções são os mesmos que depois dizem que os políticos são todos corruptos,

  4. Visto que as sanções não têm funcionado, havendo grandes países a aumentar a sua riqueza continuando a negociar com a Rússia ou vizinhos, acho muito bem que Portugal abra os olhos e não se deixe enrolar como é costume, Cabe ao ocidente criar forma de as sanções terem de facto impacto e criar mecanismos rigorosos de fiscalização .

  5. “Laissez faire, laissez aller, laissez passer” sem controlo e venha o dinheirinho.
    A guerra até dá jeito e depois queixem-se quando ela bater à porta!…

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