Os tardígrados são indestrutíveis (e os cientistas descobriram uma das razões)

ZAP // Dall-E-2

Estes animais microscópicos usam um sensor molecular que deteta condições prejudiciais e, mediante essa informação, entram em estado de dormência.

Os tardígrados, também conhecidos como ursos de água, são uma das criaturas mais misteriosas – e imbatíveis – do Universo.

Conhecidos pela sua extraordinária capacidade de resistir a ambientes extremos, estes animais estimulam a vontade dos cientistas de procurarem saber cada vez mais sobre eles.

Por exemplo, em condições adversas, como temperaturas bastante frias ou radiação intensa, estas criaturas encolhem – transformando-se numa espécie de bola, ou “tun” – e entram em estado de hibernação profunda.

Neste mais recente trabalho, os investigadores procuraram saber como é que estes animais o fazem.

A investigação permitiu concluir que os tardígrados possem pequenos sensores moleculares nas suas células capazes de detetar quando estas produzem muitas moléculas prejudiciais, conhecidas por radicais livres, desencadeando consequentemente este estado de dormência.

Segundo o Phys, para chegar a este resultado, a equipa de Derrick Kolling, da Universidade Marshall, expôs as criaturas a níveis elevados de peróxido de hidrogénio, açúcar ou sal, ou a temperaturas de -80°C para induzir o estado tun.

Perante estas pressões, os tardígrados produziram moléculas nocivas e altamente reativas – os radicais livres de oxigénio – que reagiram com outras moléculas.

Ao analisar esta interação, os cientistas aperceberam-se de que os radicais livres oxidaram um aminoácido chamado cisteína, um dos blocos de construção das proteínas do organismo.

Estas reações fizeram com que as proteínas alterassem a sua estrutura e função, dando assim início ao estado de dormência nos animais.

“A cisteína atua como uma espécie de sensor regulador. Permite que os tardígrados sintam o seu ambiente e reajam ao stress”, resumiu Hicks, autor do artigo científico publicado na PLOS One.

Esta capacidade dos tardígrados de resistir a estes ambientes extremos impressiona e fascina os cientistas. Já em 2022, uma equipa descobriu que estes minúsculos animais conseguem sobreviver sem água, graças a um mecanismo que entra em ação à medida que a desidratação se instala, protegendo as células da morte.

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