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“Ultraje”? Portugal paga 34 milhões por novo museu em Angola

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António Cotrim / Lusa

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho

Obra começou por ser assumida por Angola, mas passou a ter o Estado português como fiador integral sob o argumento das comemorações do cinquentenário do 25 de abril.

Portugal vai pagar 34 milhões de euros para construir um museu dedicado à Luta pela Libertação Nacional de Angola e o financiamento está a ser alvo de controversa.

A obra, que começou por ser assumida inteiramente por Angola, apesar de estar nas mãos de uma empresa portuguesa, mas passou a ter o Estado português como fiador no âmbito do apoio às exportações.

Assim, é Portugal quem vai garantir integralmente o financiamento bancário da construção. A verba milionária já foi transferida para Angola sob o argumento das comemorações do cinquentenário do 25 de abril, avançou o jornal Sol esta sexta-feira.

Foi em 2017 que o auto de consignação da obra foi assinado entre o Governo angolano e a empresa de construção Mota-Engil para a reabilitação da Fortaleza de São Francisco do Penedo de Luanda construída em 1785 e classificada como Património Cultural Nacional de Angola. Só em 2023 é que o Governo português entra em cena, através de um despacho assinado pelos ministros da Economia e das Finanças.

O despacho autoriza a “concessão da garantia pessoal do Estado português ao financiamento da operação de execução do Projeto de Restauro e Apetrechamento da Fortaleza”. A garantia do Estado português inseria-se “no âmbito dos instrumentos de apoio oficial aos créditos à exportação para assegurar os riscos de crédito inerentes à exportação de bens e serviços de origem portuguesa e de apoio à internacionalização do tecido empresarial português”.

O memorando de entendimento, assinado em Luanda em 10 de dezembro entre os governos de Portugal e Angola, determina que a Fortaleza de São Francisco do Penedo será convertida no Museu de Libertação Nacional de Angola.

Na altura da assinatura do memorando, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, destacou o “significado muito especial” da reconversão da fortaleza no Museu de Libertação Nacional.

“Acontece precisamente à beira de se iniciar o ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril e um ano antes de se iniciar a celebração do aniversário dos 50 anos da independência de Angola”, afirmou Cravinho, salientando que a importância de recordar que a liberdade portuguesa tem muito a ver com a luta pela libertação colonial dos povos em vários países africanos colonizados na altura por Portugal.

“Há aqui uma relação simbiótica, porque essas lutas pela liberdade, pela independência, dos povos africanos, incluindo o povo angolano, é um estímulo muito importante para a luta pela liberdade em Portugal”, referiu o governante na altura.

Segundo João Gomes Cravinho, este apoio é precisamente uma celebração daquilo que é um património conjunto que é a liberdade dos Estados.

Chega considera reabilitação “um ultraje”

O Chega questionou esta sexta-feira o Governo relativamente ao financiamento de 34 milhões de euros para a reabilitação da Fortaleza, considerando ser “um ultraje à história de Portugal”.

Num requerimento dirigido ao primeiro-ministro, através do parlamento, o Grupo Parlamentar do Chega questiona “qual a motivação do Governo português em assumir as despesas pela criação de um museu cuja designação faz referência à luta independentista contra Portugal“.

O partido liderado por André Ventura acusa também o Governo de querer reescrever a História.

No documento divulgado esta sexta-feira, os deputados do Chega consideram que esta opção política confronta a história, “deixando-a à mercê de um revisionismo histórico parcial e mediático que está em voga, mas que está longe de merecer a unanimidade e muito menos de ser cientificamente correto”.

“Com este gesto, além do dispêndio de uma verba que, no âmbito de atuação do Instituto Camões, melhor serviria outros fins mais convenientes aos interesses do nosso país, está Portugal a assumir implicitamente a culpa pela gesta de colonização ultramarina que, como resultado, “novos mundos ao mundo” mostrou e da qual todos nós, portugueses, nos deveríamos orgulhar, uma vez que está inscrita nos livros da nossa História e na nossa memória coletiva como o que de melhor empreendemos e demos à História da humanidade”, defendem.

O Grupo Parlamentar do Chega aponta ainda que esta decisão é “absurda e inconsistente”, além de uma “tentativa de manipulação e instrumentalização política da História, procurando assim o Governo, também, desviar a atenção dos problemas do país”.

ZAP // Lusa

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15 Comments

  1. A memória histórica do CHEGA é a memória Salazarista. Este partido vê o passado através da lente da ideologia Salazarista. Os acólitos deste partido subscrevem porque são pessoas com pouca formação académica.

  2. O CHEGA tem de continuar a CRESCER.

    Não ha dinheiro para medicos, excepto de for com cunha presidencial, não ha dinhero para as escolas, mas ha dinheiro para gastar numa obra em outro pais, que em nada apoia portugal actualemnte, que quiz independencia, e tudos os custos que dai resultaram.

  3. O unico com ideologias salazaristas és tu que acha que o estado português tem de pagar 34milhoes por um museu! E ainda fala das habilitações do eleitorado quando o teu grande mentor socrates nem eng era! Se calhar deverias olhar para ti antes de falar dos outros!

  4. Estou de acordo, fomos último país da Europa a entregar as Colónias, isto demonstra bem a ganância do facismo e Salazarismo.
    O Chega é o único Partido em Portugal da Ganância do racismo, uma vergonha Nacional, ainda bem que são poucos.

  5. É uma autêntica vergonha de politicos que so fazem asneiras grosseiras com o dinheiro dos contribuintes
    Esse ministro devia ir embora, ja perguntei ao senhores militares para quando a eliminação da democracias.

    Depois nao temos dinheiro para o exercito, nao ha fundos para sakario das pessoas.

    Esse ministro so tem feito a desgraça de Portugal e eu nao sou do Chega, sou monárquico, isto o que se passa nesta república ja passou tudo dos limites do aceitável.

    E depois admiram se que a democracia acabe

  6. Que quer o Chega? Que voltemos a Angola já e em força? Coleção de gente estúpida! O melhor é arranjar outros 34 milhões de euros, metê-los todos em aviões com fisgas e alti-falantes e deixá-los por lá. Boa viagem, sem regresso.

  7. A todos os sugadores ideólogos que há 50 anos sugam o erário publico, quero lembrar que no seio da UE não há golpes de Estado militares como no passado em desunião europeia, graças a deus. Que “distraída” esta gente anda.
    Devemos realmente indignarmos com gastos inúteis destes, com tiques de novos ricos com dinheiro do alheio, i.e., UE. P.S . Agora ninguem se indigna com os “capitalistas” da Mota Engil, não?

  8. A todos os sugadores ideólogos que há 50 anos sugam o erário publico, quero lembrar que no seio da UE não há golpes de Estado militares como no passado em desunião europeia, graças a deus. Que “distraída” esta gente anda com o Chega.
    Devemos realmente indignarmos com gastos inúteis destes, com tiques de novos ricos com dinheiro do alheio, i.e., UE. P.S . Agora ninguem se indigna com os “capitalistas” da Mota Engil, não?

  9. Já agora não se esqueçam das restantes antigas Colonias (14) que Portugal teve . Un museu en cada uma para não haver inveja de Uns dos Outros , para isso Cacau não faltará ! ……Por cá o que mais faz falta não importa !

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