Descoberta múmia egípcia que morreu durante o parto com a cabeça do bebé presa na pélvis

David R. Hunt et al

A múmia era de uma adolescente entre os 14 e 17 anos que morreu devido a complicações num parto de gémeos.

Um novo estudo publicado na International Journal of Osteoarchaeology revela a trágica história de uma adolescente do Antigo Egito que morreu durante o parto ao dar à luz gémeos. Os restos mumificados, originalmente descobertos em 1908 no cemitério de El Bagawat, no oásis de Kharga, no Egito, foram recentemente reexaminados usando tecnologia moderna.

A jovem, estimada ter entre 14 a 17 anos na época da sua morte, foi encontrada com um feto e placenta entre as pernas, sugerindo que morreu devido a complicações no trabalho de parto.

Tomografias computadorizadas (TC) realizadas na múmia revelaram detalhes surpreendentes: a presença de um segundo feto dentro da cavidade torácica da jovem mãe, indicando que estava grávida de gémeos. Exames adicionais mostraram que o primeiro bebé, colocado entre as pernas da mulher, estava sem a cabeça, que foi encontrada alojada na sua pélvis. Isso levou os investigadores a concluir que o feto tinha sido decapitado durante o processo de nascimento.

A causa provável deste trágico desfecho foi um parto pélvico, em que o bebé nasce com os pés primeiro, dificultando a passagem da cabeça pelo canal de parto. Isso pode levar a casos raros de “decapitação fetal traumática”, como foi o caso.

Os investigadores especulam que os embalsamadores, possivelmente desconhecendo a gravidez de gémeos, não removeram o segundo feto antes de mumificar a mulher. Com o tempo, o diafragma da múmia dissolveu-se, fazendo com que o feto não nascido se movesse do útero para a cavidade torácica.

Os autores do estudo destacam os perigos da gravidez, do trabalho de parto e do parto nos tempos antigos, especialmente para nascimentos de gémeos. No Egito, os nascimentos de gémeos eram considerados altamente indesejáveis, frequentemente protegidos com feitiços e encantamentos. Um desses feitiços, de um papiro antigo conhecido como Decreto Oracular Amuleto, sublinha o medo de nascimentos de gémeos, enfatizando a proteção contra tais ocorrências, explica o IFLScience.

Este estudo também fornece uma visão sobre as perceções culturais de nascimentos de gémeos durante esta era. As descobertas reconfirmam os riscos significativos associados à gravidez e ao parto em tempos históricos, particularmente na ausência de intervenção médica moderna.

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