Comissão parlamentar turca aprova adesão da Suécia à NATO

Filip Singer / EPA

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan (E) cumprimenta o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson (D). Ao centro, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg

A comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros turca aprovou hoje o pedido de adesão da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte, aproximando-a de ser membro efetivo da aliança.

A Turquia é o último membro da Aliança Atlântica, juntamente com a Hungria, a bloquear a adesão da Suécia à NATO, através de sucessivas exigências, mas hoje a comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia Nacional turca voltou a analisar o tema, que foi, depois, aprovado.

A Suécia apresentou o seu pedido de adesão ao mesmo tempo que a Finlândia – que foi admitida em abril – após o início da guerra russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

O protocolo de adesão da Suécia, país anteriormente não-alinhado, terá agora de ser aprovado numa plenária do Parlamento, cuja data está ainda por marcar, na última fase do processo legislativo na Turquia.

“Observámos uma mudança na política da Suécia, em algumas decisões adotadas pelos tribunais”, afirmou Fuat Oktay, deputado do partido AKP, no governo, e presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento, em entrevista ao canal NTV.

“Estamos felizes por podermos tornar-nos um país-membro da NATO”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Tobias Billström, em declarações à SVT Nyheter.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, “congratulou-se” por sua vez com a votação da comissão de Negócios Estrangeiros do parlamento turco, passo que abre caminho à ‘luz verde’ formal do país.

“Conto que os dois Estados concluam o mais rapidamente possível os seus processos de ratificação” da adesão da Suécia, “o que tornará a NATO mais forte“, declarou Stoltenberg num comunicado.

A Turquia, membro da NATO, adiou a ratificação do pedido de adesão da Suécia durante mais de um ano, acusando o país de ser demasiado permissivo em relação a grupos que Ancara considera como ameaças à sua segurança, incluindo militantes curdos e membros de uma rede que Ancara responsabiliza por um golpe de Estado falhado em 2016.

No início deste mês, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, associou a ratificação da adesão da Suécia à NATO à aprovação pelo Congresso dos Estados Unidos de um pedido turco de compra de 40 novos caças F-16 e de ‘kits’ para modernizar a frota existente na Turquia.

Erdogan apelou também ao Canadá e a outros aliados da NATO para que levantem os embargos de armas impostos à Turquia.

A resistência de Erdogan terá sido superada após uma conversa telefónica com o Presidente norte-americano, Joe Biden, este mês, após o qual o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, começou a admitir uma aceleração do processo de ratificação da adesão sueca.

Ainda assim, o Presidente turco acrescentou como condição para a ‘luz verde’ de Ancara a ratificação simultânea pelo Congresso dos Estados Unidos à venda de aviões de combate F-16 à Turquia.

A Turquia já tinha jogado esta ‘carta’ para tentar obter autorização de aquisição de F-16, de que necessita para modernizar a sua Força Aérea.

O governo norte-americano de Biden não se opõe a esta venda, mas o Congresso bloqueou-a até agora por razões políticas, alegando as tensões com a Grécia, país também membro da NATO de que Ancara se tornou recentemente mais próximo.

A Suécia e a Finlândia abandonaram as suas posições tradicionais de não-alinhamento militar para procurar proteção sob o ‘guarda-chuva’ de segurança da NATO, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.

A Finlândia aderiu à aliança em abril, tornando-se o 31.º membro da NATO, depois de o Parlamento turco ter ratificado a candidatura do país nórdico.

A NATO exige a aprovação unânime de todos os membros existentes para se expandir, e a Turquia e a Hungria são os únicos países que têm resistido.

A Hungria bloqueou a candidatura da Suécia, alegando que os políticos suecos disseram “mentiras flagrantes” sobre o estado da democracia húngara.

Os atrasos têm frustrado outros aliados da NATO que aceitaram rapidamente a Suécia e a Finlândia na aliança.

ZAP // Lusa

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