A descoberta de um fóssil de mosassauro com 80 milhões de anos fornece novas perspetivas sobre a evolução destes antigos répteis marinhos.
Uma equipa de investigadores norte-americanos encontrou em Cavalier County, no Dakota do Norte, um fóssil de um exemplar de Jormungandr walhallaensis.
O nome científico da espécie foi atribuído em homenagem ao mito nórdico de Jörmungandr, a serpente marinha que anuncia o fim do mundo, e à vila de Walhalla, no estado norte-americano.
A descoberta, apresentada num artigo publicado esta quinta-feira no jornal do Museu Americano de História Natural, revela indícios de um encontro violento com outro mosassauro e evidencia a natureza brutal da vida marinha durante o período Cretáceo.
A espécie foi identificada a partir de fósseis desenterrados no Dakota do Norte, nos Estados Unidos, durante uma escavação anual em 2015 e mais tarde estudada pela paleontóloga Amelia Zietlow, investigadora do museu norte-americano e co-autora do estudo agora publicado.
O espécime, bem preservado, incluía ossos faciais, vértebras e partes do ombro, o que o distingue não apenas como uma nova espécie mas também como um novo género de mosassauro.
A descoberta deste mosassauro de tamanho médio, com cerca de 7,3 metros de comprimento e um crânio distintivo com cerca de 67 centímetros, é fulcral para estabelecer a ligação evolutiva entre os mosassauros mais pequenos e antigos, como o Clidastes, e o maior e mais evoluído mosassauro popularizado em filmes como Jurassic Park.
O Jormungandr walhallaensis viveu há 80 milhões de anos, quando a América do Norte estava dividida por um mar interior quente e raso que se estendia desde o Golfo do México até ao Canadá, e enfrentava enormes desafios — quer como predador, quer a tentativa de evitar tornar-se a presa de predadores maiores.
Os fósseis do animal pré-histórico mostram marcas brutais de dentadas de um mosassauro rival, e apresentam uma combinação única de características anatómicas que remetem tanto aos seus antepassados primitivos quanto aos seus descendentes maiores.
“Pela análise das vértebras, sabemos que este espécime terá sido a certa altura mordido por outro mosassauro“, explica Amelia Zietlow ao Discover. “Não conhecemos mais nada que existisse nessa altura que pudesse ter feito marcas tão grandes e tão profundas“.
Esta descoberta é significativa para os paleontologistas, pois esclarece as interações competitivas e comportamentos predatórios dos mosassauros, ao mesmo tempo que preenche lacunas importantes no que diz respeito ao seu desenvolvimento anatómico ao longo do tempo.