Novo estudo iliba o asteróide: foram os vulcões que assassinaram os dinossauros

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Afinal, o mítico asteroide Chicxulub, que ganhou a fama de ter dizimado os dinossauros não-avianos, pode estar inocente. Foram os vulcões, aponta uma nova análise computacional de dados.

Um novo estudo em geologia computacional sugere que foram erupções vulcânicas massivas, e não um impacto de asteroide, as responsáveis pelo evento de extinção em massa que ocorreu há 66 milhões de anos.

O evento levou à extinção dos dinossauros não-avianos e de quase três quartos de toda a vida na Terra, dando por terminado o Período Cretáceo.

Recentemente, as geólogas computacionais Laura Mydlarz, da Universidade do Texas, e Erinn M. Muller, do Mote Marine Laboratory, nos EUA, usaram um modelo estatístico chamado Método de Monte Carlo em Cadeias de Markov para realizar uma análise computacional de dados — e identificar as causas deste evento.

O estudo, que foi publicado esta quinta-feira revista Science, analisou sistematicamente a probabilidade de diferentes cenários de emissão de gases, convergindo gradualmente para soluções prováveis que coincidissem com os dados geológicos.

Os investigadores usaram 128 processadores para executar múltiplos cenários simultaneamente, usando dados de núcleos de sedimentos do fundo do mar de há 67 a 65 milhões de anos para calibrar o modelo.

Estes núcleos contêm microorganismos conhecidos como foraminíferos, cujas conchas fornecem pistas sobre a composição química do oceano e, portanto, sobre as temperaturas globais da época.

De acordo com as simulações computacionais, as massivas emissões de gases das erupções vulcânicas de Deccan Traps, na atual Índia ocidental, foram suficientes para explicar as mudanças de temperatura e nos ciclos de carbono determinadas a partir dos dados de foraminíferos.

Estas erupções expeliram grandes volumes de dióxido de carbono, que aquece o planeta, e dióxido de enxofre, que acidifica os oceanos.

Por outro lado, o estudo concluiu que o impacto do asteroide, que formou a cratera Chicxulub no atual México, provavelmente não produziu quantidades significativas destes gases — pelo que é pouco provável que tenha sido a causa do evento de extinção em massa.

No entanto, o estudo enfrenta ceticismo de alguns cientistas, que argumentam que os modelos de computador são tão bons quanto os dados em que se baseiam.

“As conchas de foraminíferos não são indicadores ideais para temperaturas antigas”, realça Sierra Petersen, geoquímica da Universidade de Michigan, citada pela Science News.

Também Clay Tabor, paleoclimatologista da Universidade do Connecticut, alerta que o estudo não capturou as rápidas mudanças ambientais potencialmente causadas pelo impacto do asteroide, como nuvens massivas de fuligem e poeira que poderiam ter levado a um inverno catastrófico.

Embora a investigação lance uma nova perspetiva no longo debate cobre as causas do evento de extinção em massa que nos privou dos dinossauros, não resolve a questão de forma definitiva.

E a dúvida persiste. Afinal quem é o culpado?

Armando Batista, ZAP //

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