Foi detetado pela primeira vez, esta quarta-feira, em Lisboa, o mosquito que transmite de doenças como chikungunya, dengue e zika. Não há, no entanto, motivos para alarme. O cenário atual não representa, por enquanto, qualquer risco para saúde da população.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou que foi identificada em Lisboa uma espécie de mosquitos que pode ser transmissora de dengue e zika, mas sem que tenham sido identificados os agentes que provocam as doenças.
Em comunicado, a DGS refere que a espécie ‘Aedes albopictus’, cuja presença já tinha sido detetada em anos anteriores em outras zonas do país, foi “identificada pela primeira vez no Município de Lisboa”.
A espécie em causa pode ser transmissora de doenças como chikungunya, dengue e zika, mas a DGS sublinha que não existe, para já, risco acrescido para a saúde da população.
Não há motivo para alarme
“Em Portugal, não foram identificados nestes mosquitos quaisquer agentes de doenças que possam ser transmitidas às pessoas, nem se registaram casos de doença humana até ao momento”, refere o comunicado.
Ainda assim, a DGS diz ter reforçado a vigilância entomológica e epidemiológica, “estando em curso a implementação de medidas para controlar a população de mosquitos”.
“Os mosquitos foram identificados no âmbito da vigilância entomológica, demonstrando a capacidade operacional da Rede de Vigilância de Vetores, implementada em todo o território nacional”, refere a autoridade nacional de saúde.
A monitorização, avaliação da situação e intervenção estão a cargo dos Serviços de Saúde Pública de nível regional e local, em articulação com a DGS e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
Em abril, o presidente do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), Filomeno Flores, já tinha alertado para a possibilidade de surtos epidémicos de dengue e zika em Portugal, apelado aos profissionais de saúde para que não confundam eventuais casos com gripe.
O responsável do IHMT chamou ainda a atenção para a necessidade de um programa de vigilância e controlo perante a possibilidade de uma destas epidemias acontecer na Europa, sobretudo em Portugal.
Quem é este inimigo público?
O vírus Zika é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. A infeção pode causar sintomas leves ou mesmo ser assintomática em muitos casos.
No entanto, quando os sintomas se manifestam, os mais comuns incluem febre baixa ou moderada, erupções cutâneas, dor nas articulações, dor muscular, dor de cabeça, conjuntivite e inchaço nas articulações.
Os sintomas geralmente duram de alguns dias a uma semana e são semelhantes aos de outras infeções virais, como a chikungunya e a dengue.
Em fevereiro de 2016, um grupo de investigadores eslovenos anunciou ter conseguido provar a relação entre o vírus Zika e a microcefalia em bebés, ao investigar o caso de uma grávida eslovena que foi infetada durante uma estada no Brasil.
Em abril do mesmo ano, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos confirmou: o vírus Zika pode causar microcefalia.
Também transmitida pela picada do Aedes aegypti, a dengue apresenta sintomas que podem variar de leves a graves e, em alguns casos, levar a complicações fatais.
Os principais sintomas da doença incluem febre alta repentina (geralmente entre 39-40°C) que dura 2 a 7 dias, dor de cabeça intensa, dor atrás dos olhos, que pode piorar com o movimento dos olhos, dor muscular e nas articulações, fraqueza e cansaço, náuseas e vómitos, e erupções cutâneas — que geralmente aparecem 3 a 4 dias após a febre — e sangramento das gengivas ou nariz.
A dengue pode evoluir para uma forma mais grave chamada dengue hemorrágica, que pode provocar choque circulatório, levar à falência de órgãos e causar a morte do doente.
ZAP // Lusa