Estudo analisou hábitos alimentares de mais de 20 mil alunos entre 2 e 13 anos de idade. Mais de um terço não tem acesso a fruta gratuita.
O relatório completo deste estudo será publicado no dia 16 de Outubro, Dia Mundial da Alimentação, mas já foram adiantadas revelações pertinentes.
O estudo sobre a rotina alimentar nas escolas, inserido no projecto Heróis da Fruta, foi realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em parceria com a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil.
Foram analisadas quase 600 escolas em Portugal. Envolveu quase 22 mil alunos entre os 2 e os 13 anos, lê-se no comunicado enviado ao ZAP pela Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil.
Uma das principais conclusões: no ano lectivo passado, mais de um terço (35,3%) das turmas de jardim de infância e do ensino primário não teve acesso a frutas ou hortícolas distribuídas gratuitamente na escola.
Beja foi a capital de distrito que registou o maior aumento no consumo diário de frutas ou hortícolas neste projecto – mesmo sendo uma das regiões com menor acesso gratuito.
A maior queda na percentagem de crianças que consumiu frutas ou hortícolas diariamente foi registada na Madeira – que, no entanto, também a região em que as turmas mais relataram ter de fontes de financiamento para terem acesso gratuito a hortofrutícolas.
“Estes dados sugerem que o acesso gratuito a estes alimentos, por si só, não determina o aumento do seu consumo”, conclui Raquel Martins, nutriocionista e uma das responsáveis pelo estudo.
Como já se mencionou, Madeira (87,9%) é a região onde houve mais turmas com acesso a fruta gratuita na escola; seguiram-se de perto Braga e Viseu. No lado oposto, as turmas de Beja, Viana do Castelo e sobretudo Portalegre (apenas 13,3%) têm pouco acesso a frutas e hortícolas sem pagar.
Praticamente uma em cada quatro crianças portuguesas (26,3%) não consumia fruta diariamente na escola, antes de participar neste projecto. Açores, Beja e Bragança era onde se comia menos.
Dos 170 concelhos envolvidos, em 33 desses municípios havia mais de 40% de crianças a não comer fruta diariamente na escola. Ponte da Barca, Portel e Freixo de Espada à Cinta destacaram-se neste aspecto com percentagens superiores a 80%.
10 concelhos destacaram-se por outro lado: Alcanena, Arraiolos, Azambuja, Caminha, Nazaré, Santo Tirso, Seia, Sertã, Vila do Porto e Vila Verde – aqui, todas as crianças comiam fruta todos os dias na escola.