Há cerca de 66 milhões de anos, um colossal asteroide colidiu com a Terra, marcando o fim da era Mesozóica — um evento que resultou na extinção dos dinossauros e de 75% das espécies da Terra. No meio desta devastação, muitas linhagens de plantas antigas sobreviveram e prosperaram.
Qualquer criatura que tivesse olhado para os céus num certo dia de primavera poderá ter visto, por uns segundos, um asteroide brilhante do tamanho de uma montanha a entrar incandescente na atmosfera — e a colidir com a Terra.
Conhecida como a extinção em massa do Cretáceo-Paleógeno, ou “Evento KP“, a catástrofe resultou na extinção dos dinossauros não-avianos e de pelo menos 75% das espécies da Terra.
Mas enquanto criaturas ferozes como os míticos T-rex e Velociraptor desapareceram da face do planeta, um grupo particular de espécies sobreviveu à catástrofe, resistiu até aos nossos dias, e vai provavelmente assistir ao desaparecimento dos humanos: as angiospermas, ou “plantas com flores”.
Esse é o caso das rosas, cuja família ancestral teve origem muitos milhões de anos antes do Evento KP, e que continuam a florescer.
Com efeito, estudos sugerem que a origem de uma grande parte das famílias de angiospermas é anterior ao impacto do asteroide. Essas linhagens antigas, incluindo famílias de plantas como as das orquídeas, magnólias, gramíneas e batatas, coexistiram com os dinossauros e prosperaram após o Evento KP.
Embora a razão exata para a notável resiliência das angiospermas seja ainda hoje um mistério, estudos recentes oferecem algumas pistas.
Num estudo recente, os investigadores Jamie Thompson, da Universidade de Bath, e Santiago Ramírez-Barahona, da Universidad Nacional Autónoma do México, usaram uma nova abordagem e modelos matemáticos para analisar as árvores genealógicas das angiospermas.
Na sequência do estudo, apresentado num artigo publicado a semana passada na revista Biology Letters, os dois cientistas concluíram que as angiospermas tiveram taxas de extinção consistentes durante pelo menos 240 milhões de anos — não tendo registado qualquer efeito notório do Evento KP nestas taxas.
Qual será então o segredo da capacidade de sobrevivência das angiospermas?
Segundo explica Thompson no The Conversation, a sua resiliência poderá ser devida à sua capacidade de se reinventar — criando novas de dispersão de sementes e de polinização — e de duplicar todo o seu genoma, permitindo uma maior adaptabilidade e diversidade.
O sexto evento de extinção em massa, que já estamos atualmente a enfrentar, coloca ameaças significativas para muitas espécies de angiospermas. Ainda assim, dada a sua história de resiliência, as angiospermas vão provavelmente adaptar-se de novo — e sobreviver à humanidade.