O primeiro-ministro japonês comeu esta quarta-feira sashimi de peixe de Fukushima, num almoço para demonstrar que é seguro consumir o pescado daquela região após lançamento para o oceano das águas residuais radioativas tratadas e diluídas da central nuclear.
O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida e três ministros comeram sashimi de linguado, polvo e robalo, pescados na costa de Fukushima após a libertação das águas residuais da central nuclear local.
O prato incluía legumes, frutas e uma tigela de arroz que foram colhidos na região, divulgou aos jornalistas o ministro da Economia e Indústria, Yasutoshi Nishimura, um dos participantes da refeição.
O almoço governamental mostrou o “forte compromisso de Kishida em assumir a liderança no combate aos danos à reputação, ao mesmo tempo que defende os sentimentos da comunidade piscatória em Fukushima”, frisou Nishimura.
O governo japonês, que afirma que há na realidade mais riscos de “prejuízos reputacionais” do que um perigo científico real, alocou um fundo de cerca de 500 milhões de euros para apoiar as pescas e combater possíveis danos à imagem da indústria pesqueira e alimentar do país.
O ministro da Economia já tinha visitado uma rede de supermercados de Fukushima na segunda-feira para provar peixes, e Kishida deve visitar o mercado de peixes de Toyosu, em Tóquio, na quinta-feira, também para promover o peixe de Fukushima.
A libertação das águas residuais tratadas no oceano, que começou na semana passada e deverá continuar durante décadas, tem sido fortemente contestada por grupos de pesca e por países vizinhos.
A China proibiu imediatamente todas as importações de produtos aquáticos de origem japonesa, de forma a “prevenir o risco de contaminação radioativa”.
Na Coreia do Sul, milhares de pessoas participaram em manifestações no fim de semana para condenar a descarga.
No Japão, as empresas locais estão a enfrentar uma onda de chamadas abusivas por parte de cidadãos de chineses descontentes com a decisão do governo japonês. A quantidade de chamadas é de tal ordem que algumas das empresas perderam mesmo capacidade operacional e viram a sua produtividade afetada.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmou esta terça-feira que as primeiras descargas de água radioativa tratada da central nuclear de Fukushima estão em linha com as previsões e sem impacto radiológico na população.
A descarga de água da central nuclear de Fukushima – que sofreu um acidente em março de 2011, com três dos seus seis reatores a derreterem e a contaminarem as terras nas imediações do complexo após um sismo e um tsunami – tem suscitado receios nos pescadores japoneses.
Num relatório recente, a organização ambiental internacional Greenpeace alertou que a água contaminada a ser lançada no mar pela central nuclear de Fukushima contém carbono radioativo que pode danificar o ADN humano.
O Governo da Coreia do Sul realizou diversos testes para avaliar o risco de contaminação ambiental ou de alimentos devido às descargas de Fukushima, tendo concluído que tal risco é praticamente nulo.
No entanto, realça a Time, o vice-primeiro-ministro sul-coreano Park Ku-yeon fez saber que, “se alguma coisa correr mal”, a Coreia do Sul exigirá que o governo japonês interrompa imediatamente a descarga das águas radioativas no oceno.