O metal com menor peso da tabela periódica é o ouro branco da chamada transição verde.
O lítio é crucial na transição verde, servindo como componente-chave em baterias de veículos elétricos, armazenamento de energia renovável e dispositivos electrónicos.
A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que a procura por lítio aumente 42 vezes nas próximas duas décadas, impulsionando a mineração em países do Sul Global, como Chile, China e República Democrática do Congo.
Um recente relatório do Observatório da Dívida na Globalização (ODG) examina como o aumento da mineração beneficia o Norte Global, enquanto explora países em desenvolvimento.
Estes países, ricos em minerais, enfrentam barreiras internas para industrializar a extração, muitas vezes devido à dívida externa e tratados de comércio que perpetuam a sua subordinação.
A mineração de lítio é concentrada no “triângulo do lítio” entre Bolívia, Chile e Argentina, destaca o portal Climática.
No entanto, ativistas alertam para os impactos ambientais, particularmente no uso intensivo de água em regiões com estresse hídrico.
Por exemplo, são necessários 330.000 litros de água para produzir 1 tonelada de lítio a partir de salmoura.
A extração monopoliza recursos hídricos necessários para as comunidades locais e a agricultura, levando a denúncias de “mineração de água”.
Os impactos socioambientais da mineração também ameaçam setores como o turismo sustentável e biodiversidade local.
O aumento na procura por minerais devido à transição verde acentua essas “zonas de sacrifício”, onde a injustiça ambiental e o neocolonialismo são prevalentes.
Para mitigar esses impactos, o relatório sugere várias medidas. Entre elas, reduzir a procura por tecnologias no Norte Global, aumentar a reciclagem e investir em mineração urbana ou secundária.
O ODG também apela para um planeamento industrial público que considere não apenas a emergência climática, mas também a crise da biodiversidade e o esgotamento de recursos.
O relatório defende uma transição mais justa, incluindo o cancelamento da dívida externa dos países empobrecidos e a suspensão de tratados de comércio e investimento que limitam a soberania nacional.
E é isto que querem em Portugal! Como temos água de sobra, não há problema. Destrua-se a paisagem e envenenem-se os mantos freáticos! De qualquer maneira, o lítio não é infinito e, quando acabar (será por meados do século?), lá se vão os carros elétricos. Até lá, há que continuar a assistir a países, como a Noruega e outros do norte da Europa, a fazerem o seu vaidoso papel de muito avançados nas questões ambientais à custa da destruição de vastas áreas em países da América do Sul. Já para não falar na questão da exploração de terras raras na Ásia que tanta poluição produz.