Bancos fecharam mais de mil agências. 740 mil portugueses não podem levantar dinheiro

Em Portugal, os bancos fecharam mais de mil agências nos últimos anos, principalmente nos distritos de Lisboa, Porto, Braga e Aveiro, que representam mais de metade dos encerramentos.

Os bancos encerraram 1077 agências entre 2017 e 2022, segundo revela um relatório do Banco de Portugal divulgado esta quarta-feira.

De acordo com o relatório, publicado com o título “Avaliação da Cobertura da Rede de Caixas Automáticas e Agências Bancárias”, 60% dos encerramentos ocorreu nos distritos de Lisboa e Porto.

A situação afeta 740 mil portugueses sem acesso a nenhum ponto de levantamento de dinheiro num raio de 17 quilómetros — um número que pode crescer com a continuação desta estratégia.

Apesar da ampla cobertura de caixas automáticos e balcões, o estudo revela que 30 das 3092 freguesias poderão ser afetadas no caso duma eventual contração da rede, por distarem mais de 10 quilómetros do ponto de acesso mais próximo e mais de 15 quilómetros do segundo ponto de acesso mais próximo.

As 30 freguesias identificadas pertenciam aos distritos de Beja (3), Bragança (12), Faro (2), Guarda (4), Viana do Castelo (1) e Vila Real (8) e nelas residiam, ao todo, cerca de nove mil pessoas. A situação atual não aparenta, contudo, ter-se deteriorado relativamente a 2020.

A situação em Bragança e Vila Real, salienta o CM, é particularmente alarmante, com mais de 40% da população sem acesso a serviços de numerário.

A rede Multibanco do país tem compensado parcialmente este cenário, com 14 mil caixas automáticas, garantindo o acesso a 99% da população a menos de 5 quilómetros de distância.

Portugal destaca-se na área do euro pela densidade de multibancos, com 136 caixas por 100 mil habitantes. O nosso país lidera nas operações de levantamento, mas com um dos valores médios mais baixos da zona euro (2962 euros por ano).

O uso de dinheiro vivo é ainda predominante em Portugal, representando cerca de  64% dos pagamentos em 2022.

Este cenário levanta preocupações quanto ao acesso e inclusão financeira, exigindo uma análise cuidada sobre o equilíbrio entre a modernização bancária e as necessidades dos cidadãos.

A nota do Banco de Portugal salienta a grande importância que o regulador dá ao acesso da população a pontos de distribuição de notas e moedas, preservando a inclusão financeira e a liberdade de escolha entre instrumentos de pagamento.

ZAP //

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