História do decifrador do Século XVI que escrevia mensagens secretas em ovos cozidos

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Giovanni Battista della Porta, litografia por L. Aureli

No Século XVI, o nobre polímata Giambattista della Porta aperfeiçoou técnicas de criptografia que ainda hoje se usam — e conseguiu descobrir como enviar mensagens secretas para prisioneiros no interior de ovos cozidos intactos.

Na próspera cidade de Nápoles, durante o Renascimento, onde o conhecimento e os bens de terras distantes fluíam livremente, um jovem nobre chamado Giambattista della Porta embarcou numa missão ao longo da vida para aprimorar o entendimento científico do mundo.

O seu trabalho ofereceu ao Mundo técnicas avançadas de criptografia que ainda hoje são usadas, variando desde o seu método inteligente de contrabandear mensagens para prisões no interior de ovos cozidos intactos, até aos seus estudos abrangentes na criação e decifração de códigos.

Nascido em berço de ouro, em 1535, della Porta foi incentivado a expandir seu conhecimento desde tenra idade, conta o Big Think.

Ao regressar de uma viagem pela Europa aos 22 anos, iniciou a sua carreira de escritor com o primeiro livro, Magia Natural — que era não tanto sobre sobre magia mas mais sobre o refinamento da filosofia natural e da ciência.

O seu livro cobria uma ampla gama de tópicos, desde as causas de coisas maravilhosas à criação de fogos artificiais e até a escrita invisível.

O génio de della Porta para a criação de códigos foi demonstrado pela primeira vez no seu método de contrabandear mensagens para prisioneiros através de ovos. Numa era marcada pela Inquisição, estas mensagens secretas muitas vezes significavam a diferença entre a vida e a morte para muitos prisioneiros.

As suas mensagens secretas, escritas na casca de um ovo com sulfatos de potássio e alumínio ou corante vegetal, desapareciam após a fervura, para serem reveladas apenas quando o destinatário descascasse o ovo.

À medida que os códigos se tornavam cada vez mais cruciais devido a constantes tensões políticas e religiosas, della Porta aprimorou ainda mais as suas habilidades, estudando os sistemas de cifras criados por Johannes Trithemius e pelos eruditos árabes.

Aos 28 anos, publicou os seus estudos meticulosos em De Furtivis Literarum Notis, um livro que compilava tudo o que tinha aprendido sobre escrita secreta e sistemas em evolução em diferentes sociedades.

No domínio da criptografia, a principal contribuição de della Porta foi uma mudança das técnicas baseadas na simples substituição de letras para métodos mais elaborados que deixavam os decifradores sem pistas.

Della Porta entendeu a importância de usar sinónimos para evitar repetir o mesmo termo e era hábil a adivinhar os termos encriptados que poderiam ser esperados num determinado contexto.

O decifrador napolitano formou a Academia Secretorum Naturae, uma sociedade científica na qual foi um dos primeiros no século XVI a defender a realização de experiências objetivas na ciência.

No entanto, o seu trabalho atraiu a ira da Inquisição, o proibiu os seus livros e a atividade da sua sociedade académica. Apesar destes contratempos, acabaria por vir a ser autorizado a continuar as suas pesquisas, e a proibição dos seus livros foi levantada.

Além dos códigos, della Porta trabalhou no conceito de um “telégrafo simpático“, um sistema de comunicação baseado no magnetismo que poderia potencialmente transmitir mensagens quase instantaneamente.

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Disco de cifra de Giambattista della Porta

Os seus discos de cifra, elegantes no seu design, com os seus círculos móveis concêntricos de letras e números, cuja decifragem exigia chaves longas e complexas, fizeram evoluir a ciência da criptografia muito para além da simples substituição de letras.

Della Porta viveu até aos 80 anos, deixando um legado de engenho, genialidade e inovação. As suas importantes contribuições para a criptografia alteraram fundamentalmente o rumo da comunicação no mundo cada vez mais complexo de comércio, ciência e império que se seguiu.

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