Coligação de direita na Finlândia fez Governo há menos de um mês, mas já está a ficar com a reputação manchada — e não é por um caso isolado.
O Governo finlandês, formado pelo Partido da Coligação Nacional, tem apenas duas semanas de vida, mas alguns dos seus membros já têm visto os seus nomes nas bocas do mundo pelos piores motivos.
O novo Governo de coligação à direita da Finlândia ficou manchado por declarações do ministro da Economia, Vilhelm Junnila, membro do nacional-populista e anti-imigração, Partido dos Finlandeses, a segunda força política no país.
Esta sexta-feira, Junilla, encarregue da pasta da economia há apenas 10 dias, acabou mesmo por se demitir, após elogiar outro membro do partido durante a sua campanha eleitoral por este ter 88 como número de candidatos — um código numérico supremacista branco que faz referência a ‘Heil’ Hitler.
“Antes de mais, parabéns pelo excelente número de candidatos. Eu sei que é uma carta vencedora. Obviamente, este 88 refere-se a duas letras H sobre as quais não falaremos mais”, disse o ministro, segundo a emissora finlandesa YLE.
Mais tarde, o agora ex-ministro desculpou-se, segundo o Daily Beast, condenando o “holocausto, o anti-semitismo e todos os atos anti-semitas completamente”, mas o pedido de desculpas não foi suficiente para evitar a sua esperada demissão.
Não há uma sem duas
Logo de seguida, o partido viu-se envolvido em nova polémica, desta vez com a Ministra da Administração Interna, Mari Rantanen.
Rantanen terá publicado — escrevem medias finlandeses, segundo a VICE — pelo menos três tweets usando a frase “väestönvaihto” — um termo finlandês que significa “troca de população”.
O termo é geralmente usado nos círculos finlandeses de extrema-direita e refere-se alegadamente à Grande Substituição, uma teoria da conspiração da extrema-direita que afirma que as populações étnicas francesas e europeias brancas estão a ser demográfica e culturalmente substituídas por povos não-brancos.
Rantanen afastou no passado domingo qualquer ligação dos seus comentários com teorias da conspiração, dizendo que acredita “em números e estatísticas” e não em teorias, mas esta não será a primeira vez que membros do mesmo partido são acusados de fazer referências a tal teoria.
O ministro do Comércio Exterior e Desenvolvimento, Ville Tavio, apontou para a teoria da conspiração em várias declarações no salão de sessões do Parlamento finlandês, noticiou o Helsingin Sanomat na passada segunda-feira.
Também a Ministra da Justiça Leena Meri terá afirmado em fevereiro que a prontidão da Coligação Nacional para duplicar o número de autorizações de trabalho concedidas a cidadãos não pertencentes à UE indica uma prontidão para substituir a população e a ministra das Finanças, Riikka Purra argumentou no Facebook em 2019 que falar em substituição da população não é exagero, apontando para uma projeção sobre a parcela da população nativa na Finlândia, Dinamarca, Noruega e Suécia.
As polémicas da coligação que agora está no poder na Finlândia não ficam por aqui. O substituto de Junilla já é conhecido e também não é estranho a controvérsia.
Wille Rydman é o novo ministro da Economia finlandês. Não só é deputado do Partido dos Finlandeses como enfrentou, em 2022, acusações de assédio e de relações impróprias com mulheres e jovens do sexo feminino.
Apesar de as alegações terem desencadeado uma investigação policial preliminar, nenhuma acusação foi avante, embora o primeiro-ministro finlandês Petteri Orpo tenha dito que o assunto levou a uma falta de confiança em Rydman, que logo a seguir desertou para o Partido dos Finlandeses.
A “Grande Substituição” não é uma teoria da conspiração.
É um facto estatístico comprovável em fontes oficiais.
1.ª fase – “Isso é só uma conspiração”
2.ª fase – “Ok, está mesmo a acontecer, mas é o melhor para a europa para contrariar o envelhecimento da população”
3.ª fase – ???