Costa não vai para Bruxelas: “Eu garanto estabilidade aqui”

Homem De Gouveia/LUSA

António Costa

Primeiro-ministro recusa deixar o cargo e até pode ser candidato nas legislativas de 2026. Se saísse, seria “suicídio político”.

António Costa tem sido associado frequentemente ao cargo de presidente do Conselho Europeu.

Neste fim-de-semana, essa hipótese foi reforçada já que, alegadamente, nos corredores de Bruxelas há poucas dúvidas: o primeiro-ministro de Portugal vai mesmo ocupar um alto cargo europeu em 2024 – ou presidente do Conselho Europeu, ou Alto Representante da União Europeia.

No próximo ano há eleições europeias. Mas o seu mandato enquanto primeiro-ministro termina apenas dois anos depois, em 2026.

Mesmo sendo visto por alguns responsáveis em Bruxelas como o “salvador da esquerda europeia”, Costa assegura que não vai deixar o cargo de primeiro-ministro de Portugal.

Eu sou o garante da estabilidade. Já expliquei a todos que não aceitarei uma missão que ponha em causa a estabilidade em Portugal”, disse António Costa, no jornal Público.

E reforçou a sua continuidade com uma pergunta: “Alguma vez eu poria em causa a estabilidade que tão dificilmente conquistei?”.

O mesmo jornal indica que o líder do Executivo não quer criar crises políticas em Portugal. Por isso, está indisponível para se mudar para a Bélgica.

António Costa pretende ainda estabilizar e economia portuguesa e mostrar os resultados do PRR.

E, com o foco de ver o Partido Socialista vencer de novo nas próximas eleições legislativas, até pode ser novamente candidato nas eleições legislativas em 2026.

“Suicídio político”

Horas antes destas declarações, Luís Marques Mendes admitiu na SIC que não seria muito complicado António Costa chegar à liderança do Conselho Europeu, ou a outro alto cargo em Bruxelas.

Isto porque, analisa, António Costa “é talvez o político socialista mais prestigiado da Europa“.

A questão aqui é interna: “Seria o suicídio político de António Costa. Entregava o poder de mão beijada ao PSD e Luís Montenegro nem precisava de fazer grande campanha”.

Um eventual sucessor de Costa dentro do PS seria Pedro Nuno Santos: “Se ganhar as eleições, é um herói. Se perder, toda a gente vai culpar António Costa por ter desertado e não ter dado tempo para que se preparasse”.

Mesmo que a saída para Bruxelas não se concretize, esta hipótese é uma “campanha de marketing, segundo o comentador: “É uma operação útil, de chá, de reabilitação da imagem. Quando um líder e um Governo estão em baixo de popularidade dá sempre muito jeito dizer que é muito pretendido e desejado na Europa, ajuda à reabilitação da imagem”.

Fait divers do PSD

No domingo, António Costa, acusou, no Funchal, as oposições de só quererem “discutir ‘fait divers’, casos e casinhos” e o PSD de dar o dito por não dito na promessa de descer o IRS.

Em tom de comício, num jantar de pré-campanha do PS-Madeira, para as eleições regionais no arquipélago, Costa acusou PSD e restante oposição de fugir a “debater os problemas de fundo do país” e fugir a “apresentar alternativas” ao PS.

A oposição só quer discutir ‘fait divers’, casos e casinhos”, disse o líder socialista e primeiro-ministro, afirmando que é o PS que apresenta soluções e reformas.

Numa região autónoma governada à direita, por um governo PSD/CDS-PP, António Costa criticou também os sociais-democratas por darem o “dito pelo não dito” e defenderem agora a baixa do IRS quando, há dois anos, era Rui Rio líder do partido, a opção ser a baixa do IRC, remetendo a quebra no IRS “se as contas estivessem bem”, “lá para 2025 ou 2026”.

“Só em 2023, o IRS a pagar pelas famílias vai baixar quase tanto como os 800 milhões que o PSD prometia baixar lá para 2025 e 2026”, disse ainda.

Os sociais-democratas, insistiu, podem “dar o dito por não dito”, mas “o guru” económico de Rui Rio, do “PSD mau”, é o mesmo de Luís Montenegro e do “PSD bom” – o economista e líder parlamentar Miranda Sarmento.

O líder do PS e primeiro-ministro admitiu que o Governo pode “não ter conseguido fazer tudo”, nem conseguido “chegar a todos”, mas reclamou ter cumprido a questão da meta do IRS, apresentando números quanto ao desemprego, por exemplo.

ZAP // Lusa

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