“Maquiavélico” ou advogado de defesa: Marcelo justificou Costa

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António Pedro Santos / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ladeado pelo primeiro-ministro, António Costa.

Já houve explicação oficial para a presença do primeiro-ministro na final da Liga Europa. Mas o presidente da República “não aguenta o silêncio”.

É mais um “casinho” no Governo, que desta vez envolve directamente o primeiro-ministro.

António Costa foi fotografado nas bancadas do estádio em Budapeste, Hungria, que foi o palco da final da Liga Europa entre Sevilha e Roma (de José Mourinho).

Costa fez escala na capital da Hungria, foi ao jogo sem colocar o evento na agenda pública e, mais do que isso, sentou-se ao lado de Viktor Orbán, polémico primeiro-ministro da Hungria.

As críticas e as dúvidas multiplicaram-se de imediato e, nesta segunda-feira, o PSD acrescentou um apontamento no Observador: António Costa antecipou o debate na Assembleia da República para o dia 24 de Maio para estar nesse jogo, no dia 31, acusa Joaquim Miranda Sarmento, líder do grupo parlamentar do PSD.

Entretanto, também nesta segunda-feira, o gabinete do primeiro-ministro justificou a paragem e a ida ao jogo: Budapeste ficava a caminho de Chisinau (local da Cimeira da Comunidade Política Europeia) e a UEFA tinha convidado António Costa a ir ao jogo.

“Situando-se Budapeste na rota para Chisinau, o primeiro-ministro teve oportunidade de fazer uma escala nessa cidade, correspondendo ao convite que lhe tinha sido endereçado pelo presidente da UEFA para assistir ao jogo da final da Liga Europa”.

Em relação ao companheiro do lado, Orbán, foi o protocolo a definir os lugares: “O primeiro-ministro mereceu, por parte da UEFA, o tratamento protocolar adequado tendo sido sentado ao lado do seu homólogo húngaro, com quem mantém, naturalmente, relações de trabalho”.

Marcelo também justificou

Ainda antes de haver justificação oficial, o presidente da República tinha falado sobre o assunto.

Marcelo Rebelo de Sousa disse no sábado, na RTP, que a paragem foi uma “escala técnica” devido a questões técnicas. “E aproveitou para ir ver o futebol“.

Marcelo, sem conhecer o processo, acredita que o evento não está na agenda pública porque Costa “decidiu à última hora” ver a final da Liga Europa.

E recusou polémicas por causa de António Costa se ter sentado ao lado de Viktor Orbán: “Não vejo qualquer compromisso pelo facto de estar sentado ao lado do senhor Orbán”.

Advogado de defesa ou “maquiavélico”

Judite França lamentou na rádio Observador mais um caso com vários episódios neste Governo.

E com várias versões: a intenção de Costa dar um abraço a José Mourinho ou porque era preciso fazer uma escala técnica.

Também lamentou a demora em dar uma justificação oficial a este desvio: “Era preciso esconder? Porque era preciso esconder?“.

A comentadora também recordou as críticas internas a André Ventura. Mas sentou-se ao lado de Orbán: “Extrema-direita: pode ser, se for na Hungria. Quantos mais apoios na Europa, melhor”.

Bruno Vieira Amaral também acha que António Costa só está a pensar em Bruxelas: “Portugal já não tem um primeiro-ministro. Parece que Costa não quer ser primeiro-ministro. Tem um objectivo claro: quer ir para a Europa, está cansado disto. Se é para continuar assim, acho melhor libertá-lo“.

Bruno também abordou as justificações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre esta viagem: “Fiquei um bocadinho espantado com a sua necessidade de justificar. Parecia um assessor de imprensa de António Costa”.

“Depois de toda a tensão, que ainda existe… De repente, põe-se à frente de António Costa, a defender, a receber as balas, pareceu-me um pouco estranho”.

Mas o comentador político deixou outra hipótese: “A não ser que haja aqui um objectivo maquiavélico de Marcelo Rebelo de Sousa e ele saiba coisas que não sabemos. Poderá ter alguma informação que ainda não temos e que venha a ser revelada brevemente”.

Pelo meio, Judite França deixou no ar mais uma ideia: “Pode ser aqui um problema de Marcelo não aguentar o silêncio. Tem que preencher o silêncio”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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5 Comments

  1. Utilizar bens públicos sem autorização é crime, portanto o PM devia ser julgado. Além disto o PR comporta-se como aquele pai que desculpa tudo ao filho. Este governo e o PR parecem que ainda estão nos bancos de escola.

  2. Tanto barulho por tão pouco, parece que não há nada mais importante a apontar ao PM. A. Costa limitou-se a ser bem-educado (e interesseiro, por causa do Mundial 2030) respondendo ao convite da UEFA e aceitando os protocolos da mesma.

  3. O problema de mais este caso, não será tanto o caso em si, mas a comprovação de um modus operandi. A realidade é que este governo faz tudo pela calada, não dá esclarecimentos a ninguém (a não ser quando é mesmo obrigado), é só mentiras, esquemas, vigarices… Já farta. Só não percebo porque espera o Presidente da República. Isto é o pior desgoverno da história de Portugal. Só aldrabões, mentirosos e vigaristas. Ainda nos últimos dias foi vergonhoso não estar nenhum membro do governo presente em Pedrógão Grande. Isto diz muito destas pessoas! Quando se trata de ir à bola, vão todos. PM, PR, aquele que queria muito voltar a dar aulas até perceber que podia ser Presidente da AR. Quando falamos de assuntos sérios, onde a irresponsabilidade do Estado foi total e custou muitas dezenas de vidas de Portugueses, não aparece ninguém. Os Portugueses deviam pensar nisto quando vão votar.

  4. Estes sebosos não têm nem vergonha, nem respeito por quem lhes paga e por quem representam. É tudo à grande e a pés juntos e o arbitro olha para o lado e come gelados com a testa, na verdade, comemos todos e choramos por mais, povinho de m*…

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