Moldávia é a sede da recente Comunidade Política Europeia. A Europa é “um sonho” para os locais.
A Moldávia acolhe esta quinta-feira a segunda cimeira da Comunidade Política Europeia, a plataforma de cooperação para a segurança e estabilidade da Europa, com líderes da União Europeia e de outros países, agora focada na paz e nas questões energéticas.
Na antevisão do encontro, fontes comunitárias falaram numa “importante mensagem” de cooperação europeia para Moscovo, mesmo às portas do território russo, com discussões focadas na paz e na segurança nomeadamente pela guerra da Ucrânia, nas interconexões na Europa e na resiliência energética face a fornecedores como os russos.
A par dos 27 do bloco europeu, participam nesta cimeira os seis países dos Balcãs Ocidentais (Albânia, Macedónia do Norte, Kosovo, Sérvia, Bósnia e Herzegovina e Montenegro), os países do trio que pediu recentemente a adesão à União Europeia (Geórgia, Moldávia, Ucrânia), os quatro países da Associação Europeia do Comércio Livre (Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein), o Reino Unido, a Turquia, a Arménia, o Azerbaijão, Andorra, o Mónaco e a Macedónia do Norte.
Portugal está representado pelo primeiro-ministro, António Costa.
Criada em 2022 com base na visão do presidente francês, Emmanuel Macron, divulgada num discurso no Dia da Europa em maio do ano passado, a Comunidade Política Europeia é uma plataforma de diálogo político e cooperação para questões de interesse comum e reforço da segurança, da estabilidade e da prosperidade do continente europeu, não substituindo contudo qualquer organização, estrutura ou processo existente.
O caso da Moldávia
O facto de está cimeira se realizar na Moldávia não é irrelevante. É um país “alvo” de uma disputa entre Rússia e resto da Europa.
Antiga república da União Soviética, a população local tem mostrado que está insatisfeita com a política pós-soviética; milhares de moldavos têm deixado o país.
Ainda há menos de duas semanas, houve uma grande manifestação que sublinhou o objectivo de muitos locais: entrar na União Europeia, afastar da Rússia.
A Moldávia faz fronteira com a Ucrânia e não quer ser o próximo país a ser invadido pela Rússia.
“A Europa é um sonho que deve tornar-se realidade e a única forma de um futuro com paz”, admitiu Maia Sandu, presidente do país.
“Tirem as mãos daqui”
Tem havido uma azáfama invulgar na Moldávia, por causa da preparação para este evento – inédito no país, que nunca tinha sido anfitriã de uma reunião política a esta escala.
Para a Moldávia, o apoio europeu é essencial para a sua própria segurança. “Tirem as mãos da Moldávia, Ucrânia, Geórgia e dos Balcãs Ocidentais” – esta é a mensagem para a Rússia, escreve Laurentiu Plesca, do think tank alemão Marshall Fund, cita o jornal Handelsblatt.
A região moldava da Transnístria, que faz fronteira com a Ucrânia, está de facto sob controlo russo.
A Rússia tem utilizado outra forma de pressão sobre a Moldávia, através do fornecimento de energia ao país.