A linha telefónica criada pelo Grupo VITA para o acompanhamento das vítimas de abusos sexuais na Igreja recebeu 16 pedidos de ajuda na primeira semana de funcionamento, segundo dados hoje divulgados.
Na primeira semana de funcionamento, Grupo VITA recebeu 16 pedidos de ajuda de alegadas vítimas de abusos sexuais na Igreja.
A comissão, criada pela Igreja para acompanhar as vítimas de violência sexual na Igreja, abriu no dia 22 de maio a linha telefónica (91 509 0000) para a sinalização de casos e recebeu, “uma média aproximada de três situações por dia”, segundo dados divulgados esta segunda-feira.
“De todos os contactos efetuados, apuraram-se 16 situações que estão já em fase de agendamento para atendimento presencial ou online, com vista à recolha de informação adicional e posterior encaminhamento e sinalização para as autoridades judiciais e autoridades canónicas”, refere em comunicado o Grupo VITA, coordenado pela psicóloga Rita Agulhas.
“Entendemos o contacto por parte de todas estas pessoas como um sinal claro de confiança em toda a equipa, independente e constituída apenas por especialistas na área da violência sexual. Reconhecemos a dificuldade e a exigência que esta iniciativa representa para cada vítima e sentimo-nos gratos pela confiança que depositaram em nós”, sublinha.
A missão do Grupo VITA
Criado em abril de 2023, o grupo VITA assume-se como grupo temporário “cujas ações serão gradualmente assumidas pelas estruturas eclesiásticas”.
Criado no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa e na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.
Assume-se como “um grupo isento, autónomo e independente, que visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal, numa lógica de intervenção sistémica”, lê-se na página oficial da Comissão.
O grupo é composto pela psicóloga Alexandra Anciães, pela psicóloga e investigadora na área da prevenção de abusos sexuais, Joana Alexandre, pelo assistente social Jorge Neo Costa, pela psiquiatra e especialista em Sexologia Clínica e intervenção com vítimas e agressores sexuais, Márcia Mota e ainda por Ricardo Barroso, psicólogo, docente e especialista em intervenção com agressores sexuais.
Há ainda um grupo consultivo, com a participação do padre e especialista em Direito Canónico, João Vergamota, da docente universitária especialista em análise estatística, Helena Carvalho e do advogado David Ramalho.
A apresentação do primeiro relatório de atividades, marcada para 12 de dezembro de 2023, vai detalhar novos balanços de funcionamento da Comissão.
ZAP // Lusa