“Criei um Frankenstein. Tenho de lhe pôr um açaime”. Ventura referido na Operação Tutti-Frutti

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André Ventura / Facebook

André Ventura em 2017, quando foi candidato do PSD à Câmara de Loures

O presidente do Chega é mencionado nas escutas feitas ao ex-deputado do PSD Sérgio Azevedo, que se refere a Ventura como um “Frankenstein”.

André Ventura é referido nas escutas da Operação Tutti-Frutti, numa altura em que o actual líder do Chega ainda estava no PSD e era candidato à Câmara de Loures nas autárquicas de 2017.

Segundo as escutas feitas ao ex-deputado social-democrata Sérgio Azevedo, Ventura seria alegadamente um dos peões num esquema para controlar Juntas de Freguesia e Câmaras do PSD.

A relação entre Azevedo e Ventura terá tido início quando o líder do Chega foi professor universitário do ex-deputado do PSD. Ventura tornou-se depois a aposta dos sociais-democratas para a autarquia de Loures, relata a CNN Portugal.

Foi inclusive durante esta campanha eleitoral que Ventura se tornou uma figura política mais conhecida, devido aos seus comentários sobre os ciganos. “Controlo o André Ventura, criei um Frankenstein. Depois das eleições, tenho de lhe pôr um açaime”, terá dito Sérgio Azevedo sobre as declarações polémicas de Ventura.

As escutas revelam ainda conversas entre Azevedo e Carlos Eduardo Reis, na altura empresário e agora deputado do PSD, sobre o futuro político de Ventura. “Já temos o nosso cavalo. Se ganharmos a Câmara, ganhamos qualquer merda. A seguir, o André Ventura será primeiro-ministro e a gente vai com ele à boleia, à babuje”, revelam.

André Ventura não ganhou a presidência, mas ficou como vereador. No rescaldo das eleições, logo no dia seguinte, Sérgio Azevedo terá ligado a Ventura para lhe dar conselhos. “Agora, vais arranjar um gabinete e vais negociar com o Bernardino (PCP), “nós aprovamos-te isto e aquilo”, e arranjas gabinetes”, ter-lhe-á dito.

O líder do Chega respondeu à investigação da TVI, dizendo que se “houve alguma tentativa de me controlar politicamente, dar instruções ou limitar as posições políticas”, a “história e os acontecimentos mostram como resisti a tudo isso, e mantive a trajetória de independência”. “Nenhum açaime me foi colocado e ninguém foi à minha boleia”, reforça.

Recorde-se que a Operação Tutti-Frutti investiga esquemas nas eleições autárquicas e até alegados pactos entre PS e PSD na escolha de candidatos mais ou menos fortes em certas corridas. Os actuais Ministros das Finanças e do Ambiente, Fernando Medina e Duarte Cordeiro, também são abordados no processo, assim como vários deputados do PSD.

A conduta do Ministério Público está também a ser questionada, devido ao acesso que a TVI teve às escutas do caso e ao arrastar do processo, que depois de sete anos de investigação, continua sem acusação ou arguidos.

Adriana Peixoto, ZAP //

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9 Comments

  1. Está tudo atolado no lodaçal. Estamos a atingir a fase terminal da primeira república. A democracia está morta e enterrada. E a culpa de tudo isto não é dos políticos mas sim da justiça. Com uma justiça forte, independente e operacional não tínhamos chegado a este ponto. Depois l, admiram-se da abstenção. Eu apenas me admiro como é que ainda há gente que vai votar.

      • Se ninguém, ou quase ninguém, fosse votar, o país parava. Não seria possível ter um governo legítimo. Não havendo qualquer alternativa em termos de voto porque é tudo farinha do mesmo saco, as opções que existem são:
        – Não ir votar
        – Votar nulo (o que será interpretado como um erro no preenchimento do boletim e, desse modo, sem expressão política)
        – Votar em branco (e depois alguém de algum partido tratará de pôr uma cruz no partido que der mais jeito)

  2. MP e membros do PSD – Todos e todas advogados e casados com MP’s e advogados.
    Isto não é promiscuidade!
    São estorias de embalar

  3. Car@s Filh@s:

    Como é meu desejo que não se filiem em nenhum partido político, desejo-vos muita sorte para o vosso futuro em qualquer outro país, bem longe deste… Os vossos pais cá continuarão, a trabalhar para sobreviver, porque já são velhos demais para emigrarem. Claro que farão os mínimos (porque se estão a “cagar”, só querem ordenado) e, sempre que puderem, chularão o Estado, pois não são idiotas nem estúpidos!

  4. Quem governava a Câmara de Loures sem maioria absoluta e que se apoiou no André Ventura?
    Aonde andam agora os Srs, do PCP? Na altura serviram-se dele

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