“Os políticos têm todos medo da Justiça”

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Andre Kosters / Lusa

O presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais

Isaltino Morais fala dos “grandes problemas” em Portugal e diz que a política deveria interferir muito mais na Justiça.

Isaltino Morais foi detido, saiu da prisão e, no momento de voltar à política, venceu de novo nas autárquicas em Oeiras.

O presidente da Câmara Municipal local comentou que aprendeu com essa experiência mas que nunca esteve “zangado” com a Justiça portuguesa.

Embora estabeleça uma fronteira: “A justiça é fundamental, mas a Justiça é uma coisa, os homens e as mulheres da Justiça outra. O direito é outra. Obviamente que os juízes e os procuradores são homens e mulheres, há de tudo, bons, maus, competentes e incompetentes. E, portanto, tive o azar de não ter as melhores pessoas a julgar o meu caso”.

Em entrevista ao Diário de Notícias, Isaltino Morais repetiu que é preciso ter confiança na Justiça e acreditar que “as situações anómalas na Justiça são mesmo situações excepcionais”.

A questão é que “os homens e as mulheres da Justiça são pessoas falíveis. O que está mal não é na Justiça, o que está mal é na comunicação social e em quem avalia a Justiça, porque partem do princípio que a Justiça tem sempre razão, que as sentenças são sempre correctas”.

E, nesse contexto, começou a lista dos problemas no país: “Um dos grandes problemas em Portugal é não haver nem escrutínio, nem controlo dessas decisões. Parte-se do princípio de que há independência. E então os políticos cobardes dizem normalmente “à Justiça o que é da Justiça, à política o que é da política”. São uns mentirosos. Porque na realidade todos os dias se intrometem na Justiça”.

“Quando fui preso, o doutor Passos Coelho todos os dias dizia “à justiça o que é da justiça, à política o que é da política”, mas a ministra da Justiça, nas televisões, dizia que era preciso prender o Isaltino, que já devia estar preso”, recordou.

O autarca considera que a política deveria “interferir muito mais” na Justiça, designadamente o Parlamento, “através do controlo, do escrutínio, de sentenças, de decisões, etc”.

E, acrescenta, isso não colocaria em causa a separação de poderes: “A independência de um juiz significa que ele é totalmente independente quando vai proferir a sua decisão. Independente e irresponsável. O que é que quer dizer irresponsável? Não é irresponsável no sentido que nós lhe damos, no sentido da semântica vulgar de irresponsável. O juiz é irresponsável na sua decisão, porque ele sabe que dá esta pena, mas nada lhe vai acontecer pelo facto de a dar. Portanto, o juiz, quando está a tomar a sua decisão, é soberano e nada lhe pode acontecer por via desta decisão”.

Outro dos problemas em Portugal é o “medo” que os políticos têm da Justiça, analisa: “Dizer que a política intervém na Justiça, não, porque os políticos têm todos medo da justiça. Esse é um dos grandes problemas em Portugal. É que quem não é independente em Portugal são os políticos. Têm medo de falar da Justiça”.

Aeroporto e outros problemas

Questionado sobre a “novela” da localização do novo aeroporto, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras pegou nesse contexto para ir mais além: “Toda a gente choraminga que estamos a ficar na cauda da Europa, mas ninguém se pergunta porquê. Uma das razões é justamente a incapacidade de tomar decisões. E a maioria absoluta é para se tomarem decisões”.

Isaltino acha que este adiamento de decisões é “uma falta de coragem política, como por detrás de todas as decisões. Com o TGV é a mesma coisa”.

Além disso, há outros “grande problemas” em Portugal: o “complexo ideológico” que está por trás desta situação do aeroporto – e de outras – e a falta de patriotismo.

“Não é possível ter um acordo, o Partido Socialista está muito prisioneiro dos partidos à sua esquerda. Porque pensa-se pouco, pensa-se mais na carreira política de cada um do que propriamente no país. Há pouco patriotismo neste país. Eu acho que esse é o grande problema”, explicou.

Com exemplos do passado: “Realmente, uma maioria absoluta que tem tudo para poder tomar boas decisões, porque é que não as toma? Porque há outros interesses que se sobrepõem às boas decisões. Há outros interesses, às vezes até ambições pessoais e nós vemos isso. Temos um Guterres que foi para as Nações Unidas, temos um Barroso que foi para a Comissão Europeia, agora António Costa quer ir para outro lado qualquer”.

“E depois também há um outro problema: não há hábitos de planeamento em Portugal”, acrescentou.

Voltando ao aeroporto, Isaltino Morais disse que nunca percebeu porque saiu de Alenquer, da zona da Ota. E vê uma localização favorita: Santarém. Mas acha que o aeroporto não será em Santarém: “Acho que vamos continuar a ter uma meia decisão: iremos ter aeroporto aqui onde está, porque vai haver sempre aquele argumento de que o aeroporto está em cima da cidade de Lisboa, e, portanto, isto tem vantagens económicas altamente competitivas”.

ZAP //

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1 Comment

  1. Mentira!!!
    Para que serve a “Imunidade Parlamentar”???
    Atropelam, mentem, roubam e…. nada!!!
    O governo não precisa de controlar as Instituições… elas, dão-se ao controlo, em troca de uns trocos via offshore!!!
    Volta Salazar, estas besta na sabem o que fazer com o dinheiro que poupaste e os mortos que evitaste ao não entrar diretamente na 2ª Grande Guerra… pena, talvez os pais de umas certas aventesmas tivessem por lá ficado evitando assim temos de levar agora com os seus rebentos iluminados e, mal agradecidos!!!

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